ANTONIO TEMÓTEO
Jovens à procura de estágio ou de uma oportunidade como aprendizes estão jogados à própria sorte. A demanda por vagas tem assustado até quem entende do assunto. Dados do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) mostram que 3 milhões de meninos e meninas em busca da primeira experiência profissional estão registrados na base de dados da organização não governamental (ONG).
Desse total, 1,8 milhão querem estágios e 1,2 milhão buscam vagas de aprendizes. O CIEE conseguiu intermediar a contratação de apenas 200 mil estagiários e 100 mil aprendizes, o que mostra uma demanda nove vezes maior, no primeiro caso, e 12 vezes superior à oferta, no segundo. De acordo com o superintendente-geral da ONG, Humberto Casagrande, a meta é dobrar a oferta de postos para os universitários em cinco anos, para 400 mil. Segundo ele, isso seria possível se somente as maiores empresas do país adotassem essa prática.
Entretanto, Casagrande pretende incentivar a abertura de postos de estágio em micro, pequenas e médias empresas, além de mirar oportunidades nas startups. “Por ano, conseguimos ofertar 600 mil oportunidades entre reposição e novas vagas. Entre os benefícios para uma empresa que contrata um estagiário está o não pagamento de encargos sociais, já que não há vínculo empregatício, além de moldar o jovem à cultura da empresa”, destaca.
Formação
Casagrande explica que formar mão de obra a partir do estágio ou da aprendizagem é uma vantagem. Vale lembrar que são comuns os exemplos de presidentes de bancos e de outras grandes empresas que começaram a trabalhar ainda jovens, com 14 ou 15 anos. O superintendente detalha que 300 mil aprendizes têm contrato no Brasil, mas esse número chegaria a 1,2 milhão se as empresas cumprissem a legislação vigente no país.
Conforme a Lei Federal 10.097, de 2000, empresas de médio e grande porte devem contratar jovens com idade entre 14 e 24 anos como aprendizes. O contrato de trabalho pode durar até dois anos. “O aprendiz não é problema, mas parte da solução. O programa é uma fonte de recrutamento e seleção”, afirma Casagrande.
Além de ajudar os jovens a encontrar a primeira oportunidade de trabalho, o CIEE oferece aulas de cidadania, cursos a distância de línguas, de informática e de educação financeira, entre outros temas. “Assinamos um acordo com o Banco Central (BC) para que os servidores da casa ofereçam cursos para os jovens. Nossas pesquisas apontam que o primeiro salário é usado para comprar celulares e tênis”, destaca.
Brasília, 06h34min