Dos executivos ouvidos, 5,5% querem se associar a outras fintechs e 0,9% relatou que prefere que a empresa seja comprada por um banco tradicional. Os dados levam em conta entrevistas com empreendedores de diversos países, mas não detalha quantos foram ouvidos e em que regiões. A pesquisa, entretanto, não ouviu empresários brasileiros. Cortada ressalta que 66,4% dos entrevistados relataram que a parceria com uma empresa tradicional traria visibilidade de mercado. Além disso, 60% destacaram que a associação daria escala financeira ao negócio, 59,1% disseram que ganhariam a confiança dos clientes, 55,5% alegaram que teriam melhor infraestrutura de distribuição de produtos e 31,8% afirmaram que teriam mais acesso a capital.
Cortada destaca que essa associação é natural, já que as empresas são complementares. De um lado, os grandes bancos estão habituados a lidar com riscos e com a complexa regulação no setor financeiro, além de possuírem credibilidade e capital. Do outro lado, as fintechs são ágeis, estão sempre inovando, têm preocupação com a redução e na racionalização de custos, além de serem focadas na experiência dos clientes. O executivo, entretanto, preferiu não opinar sobre a indicação do estudo de que as startups do setor financeiro querem se transformar em bancos tradicionais.
Realidade
Os dados do relatório contrariam o discurso, por exemplo, do Banco Central (BC), de que o fomento às fintechs vai estimular a competição e a redução de juros. Durante a palestra de abertura da 28ª edição do Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras (Ciab), organizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o diretor de Regulação do BC, Otávio Damaso, cobrou das instituições financeiras a oferta de crédito para micro e pequenas empresas, ao citar que esse nicho tem sido explorado por fintechs.
Além disso, outra mensagem transmitida por Damaso tem relação com a necessidade de garantir a interoperabilidade dos sistemas financeiros. “Não podemos repetir os erros do passado”, alertou. “O uso do blockchain deve apoiar a indústria e garantir a interoperabilidade e a troca de dados entre as instituições, sejam elas novatas ou mais antigas”, afirmou.
Os dados deixam claro que o poder de mudanças das fintechs no Brasil não é tão grande quanto se imaginava. O país possui o segundo sistema bancário mais concentrado do mundo, atrás apenas da Holanda. Não está claro que papel essas empresas terão no processo de bancarização e de queda de juros. Ficou claro, apenas, que querem ser bancos.