ROSANA HESSEL
Em meio a mais um dia tenso nos mercados e com o dólar batendo novo recorde, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (06/05), reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, para 3%, novo piso histórico, devido à piora nos cenários interno e externo.
A decisão foi unânime neste segundo dia de reunião do colegiado e acabou mostrando um BC mais agressivo do que o esperado. Conforme o comunicado da autoridade monetária e levou em consideração a “desaceleração significativa no crescimento global” provocada pela pandemia da Covid-19.
O Comitê ainda destacou que os dados de atividade econômica até março repercutem parcialmente os efeitos da pandemia sobre a economia brasileira e os de abril “mostram que a contração da atividade econômica será significativamente superior à prevista na última reunião do Copom.
Pelas projeções do mercado apontadas pelo Comitê, a perspectiva de inflação para este ano está em torno de 2% e, num cenário híbrido, com o dólar a R$ 5,55, poderia chegar a 2,4%.
“O Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções”, destacou a nota do BC, ressaltando que “o nível de ociosidade pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado”.
Desequilíbrio fiscal
O Comitê destacou preocupação uma “piora prolongada”, no desequilíbrio fiscal devido às medidas emergenciais no combate aos efeitos do coronavírus e ainda destacou a expectativa de frustrações em relação à continuidade das reformas, podendo “elevar os prêmios de risco e gerar uma trajetória para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”.
“O Copom avalia que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”, destacou a nota.
No fim do comunicado, o BC ainda destacou que deverá continuar cortando a Selic em mais 0,75 ponto percentual ao afirmar que, na próxima reunião, condicional ao cenário fiscal e à conjuntura econômica, o Comitê considera um último ajuste, “não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia da Covid-19”.