Copom corta a Selic em 0,5 ponto, para 3,75%

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ROSANA HESSEL

O Comitê de Política Monetária (Copom)  decidiu, unanimidade, reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, passando de 4,25% para 3,75% ao ano, novo piso histórico.

Conforme o comunicado do colegiado divulgado nesta quarta-feira (18/03),  “o Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções”. O documento ainda informa que, “por um lado, o nível de ociosidade pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado. Esse risco se intensifica caso um agravamento da pandemia provoque aumento da incerteza e redução da demanda com maior magnitude ou duração do que o estimado.”

O Copom continuou na nota, informando que, “por outro lado, o aumento da potência da política monetária, a deterioração do cenário externo ou frustrações em relação à continuidade das reformas podem elevar os prêmios de risco e gerar uma trajetória da inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária.”

A decisão de cortar apenas 0,50 ponto percentual sinaliza que novos cortes virão. Analistas já estão reduzindo as previsões para a Selic no fim do ano para menos de 3%.

Diante da pandemia de Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, que vem freando a economia global, as apostas de analistas ouvidos pelo Blog para o corte na Selic variavam entre 0,25 ponto percentual e 1,0 ponto percentual. A medida vem em linha com as últimas reduções dos bancos centrais das maiores economias do planeta como forma de tentar minimizar os impactos do coronavírus.

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), por exemplo, reduziu os juros duas vezes em menos de 15 dias devido ao aumento das incertezas em relação ao impacto do novo coronavírus na economia global. No último domingo, em reunião extraordinária, o Fed diminuiu a taxa de juros americana para o intervalo de zero a 0,25%.

As incertezas sobre o impacto da pandemia da Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, são grandes. Grandes bancos já preveem que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano será negativo. A recessão global é uma realidade a partir de agora, segundo analistas.

A tensão nos mercados continua. A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) chegou a interromper o pregão novamente hoje e encerrou com queda de 10,35%, a 66.894 pontos. O dólar disparou e rompeu a barreira de R$ 5,20 pela primeira vez na história e fechou o dia cotado a R$ 5,19 para a venda, com alta de 3,90% sobre a véspera.

A chanceler alemã, Angela Merkel, comparou a crise atual ao período de guerras. “Isso é sério, e precisam de levar isto a sério. Não existia um desafio destes no nosso país desde a reunificação alemã – não, desde a Segunda Guerra Mundial – que depende tanto da nossa ação conjunta de solidariedade”, afirmou a chanceler em discurso à nação nesta quarta-feira.

Vicente Nunes