Consumo das famílias desacelera e volta aos patamares de 2012

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ROSANA HESSEL

O consumo das famílias, principal motor do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), ainda não recuperou os patamares pré-pandemia da covid-19 e está perdendo força na composição do PIB, voltando para o menor nível desde 2012, em grande parte, devido à inflação que reduziu o poder de compra do consumidor, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Importante indicador da composição da demanda do PIB brasileiro, o consumo das famílias desacelerou no quarto trimestre de 2021, na comparação com os três meses anteriores, passando de 1% para 0,7%, conforme dados do IBGE, divulgados nesta sexta-feira (4/3).  Os números do PIB mostram que o consumo das famílias ainda não recuperou o patamar pré-pandemia. Os dados do IBGE na série com ajuste sazonal mostram que o patamar registrado no quarto trimestre de 2021 ainda está 1,3% abaixo do nível do mesmo intervalo de 2019.  Além disso, a participação no PIB do consumo das famílias, entre 2020 e 2021, passou de 62,9% para 61%. É o menor percentual desde os 61,4% contabilizados em 2012.

No acumulado do ano, apresentou avanço de 3,6%, dado influenciado pelo avanço da vacinação, que contribuiu para a reabertura do comércio e garantiu maior mobilidade para os brasileiros. Os programas de apoio do governo e o crescimento nominal de 18% no saldo de operações de crédito no mercado financeiro também contribuíram para que o desempenho dos gastos das famílias não fosse pior, apesar da redução da taxa de desemprego, de acordo com o IBGE.

Houve uma recuperação da ocupação em 2021, mas a inflação alta afetou muito a capacidade de consumo das famílias. Os juros começaram a subir. Tivemos também os programas assistenciais do governo. Ou seja, fatores positivos e negativos impactaram o resultado do consumo das famílias no ano passado”, afirmou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, em nota do órgão ligado ao Ministério da Economia.

Os últimos dados do IBGE sobre mercado de trabalho, computados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), mostram que a taxa de desocupação no país ficou em 11,1% no quatro trimestre de 2021, caindo 1,5 ponto percentual em relação aos três meses anteriores, de 12,6%. Já a taxa média anual caiu de 13,8%, em 2020, para 13,2%, em 2021. A inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou alta de 10,38% no ano passado, a maior variação desde 2015.

Tombo de 2020 recuperado

O PIB brasileiro cresceu 4,6% em 2021 e recuperou o tombo de 3,9% registrado em 2020 por conta da covid-19, considerando os dados revisados pelo IBGE, totalizando R$ 8,7 trilhões. Segundo o órgão, ao contrário do que aconteceu em 2020, todos os componentes da demanda avançaram em 2021, contribuindo positivamente para o crescimento do PIB.

Além do consumo das famílias que cresceu 3,6% e o consumo do governo avançou 2%. No ano anterior, esses dois componentes registraram quedas de 5,4% e 4,5%, respectivamente. Os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) avançaram 17,2%, favorecidos pela construção, que no ano anterior teve uma queda, e pela produção interna de bens de capital, conforme os dados do IBGE. A taxa de investimento em relação ao PIB subiu de 16,6% para 19,2% entre 2020 e 2021.

A balança de bens e serviços registrou alta de 12,4% nas importações e de 5,8% nas exportações. Em 2020, tinham recuado 9,8% e 1,8%, respectivamente. “Como a economia aqueceu, o país importou mais do que exportou, o que gerou esse déficit na balança de bens e serviços. Isso puxou o PIB um pouco para baixo, contribuindo negativamente para o desempenho da economia”, explica Rebeca Palis.

Ao contrário do que aconteceu em 2020, todos os componentes da demanda avançaram em 2021, contribuindo positivamente para o crescimento do PIB. O consumo das famílias avançou 3,6% e o do governo subiu 2,0%. No ano anterior, esses componentes haviam recuado 5,4% e 4,5%, respectivamente.

Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) avançaram 17,2%, favorecidos pela construção, que no ano anterior teve uma queda, e pela produção interna de bens de capital. A taxa de investimento subiu de 16,6% para 19,2% em um ano.  A balança de bens e serviços registrou alta de 12,4% nas importações e de 5,8% nas exportações. Em 2020, esses dois indicadores apresentaram recuo de 9,8% e 1,8%, respectivamente, segundo o IBGE

Vicente Nunes