ROSANA HESSEL
A Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu de 2,9% para 2,4% a previsão de crescimento da economia global em 2020 devido ao impacto do novo coronavírus na atividade econômica mundial. Essa é a menor taxa de expansão desde 2009, ano do pico da última crise financeira global. Contudo, a projeção da organização sediada em Paris parece otimista se comparada com a consultoria britânica Capital Economics, que está com previsão de crescimento global de apenas 2% neste ano, mesma taxa para prevista para a China.
Em relação ao Brasil, o economista-chefe da Capital Economics, Neil Shearing, reduziu de 1,5% para 1,3% a previsão de crescimento do Brasil, uma das mais pessimistas do mercado. Em seu relatório enviado nesta segunda-feira (02/03) para clientes, Shearing avalia que a disseminação do coronavírus deve acarretar em uma “ruptura” na economia mundial no primeiro e no segundo trimestre deste ano e que, “provavelmente, haverá uma leve retomada a partir do segundo semestre”.
“Claramente, há um grau incomum de incerteza em torno de como os efeitos econômicos por cada um desses canais se desenvolverão. Diante disso, é importante ter clareza sobre a base na qual as previsões são feitas e, talvez mais importante, dar uma ideia da variedade de resultados possíveis em torno da previsão”, afirmou Shearing.
A Capital Economics havia reduzido, recentemente, a projeção de crescimento global de 2,9%, antes do coronavírus, para 2,4% por conta do impacto da economia na China e nos países asiáticos. Agora, a nova projeção é de 2%. “Este seria o ritmo mais fraco do crescimento anual desde o auge da crise financeira global em 2009. Mas os riscos para a previsão provavelmente ainda estão desviados”, destacou Shearing. Ele considera que mesmo se os governos impusessem as mesmas medidas draconianas que o governo chinês impôs para conter a propagação do coronavírus, o Produto Interno Bruto (PIB) global poderia contrair 0,5%. “Isso corresponderia à contração experimentada durante a crise financeira global”, frisou.
Pelas projeções da Capital, o PIB das economias emergentes devem crescer 2,8%, neste ano, em vez de 2,9%. E a China, 2% em vez de 5%. As estimativas para a contração do PIB do Japão em 2020 passou de 0,2% para 0,5%. Enquanto isso, as perspectivas para as economias desenvolvidas caíram de 1,2% para 1%.