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Banco Central Foto: Breno Fortes/CB/D.A Press Banco Central

Comunicado do BC sobre coronavírus foi para afastar pressão por corte extraordinário de juros

Publicado em Economia

Em conversas reservadas com integrantes do mercado financeiro, diretores do Banco Central admitiram que o comunicado feito pela instituição na última terça-feira (03/03), informando que avaliaria os impactos do novo coronavírus na economia nas duas semanas à frente, teve como objetivo afastar qualquer pressão para um corte extraordinário da taxa básica de juros (Selic), que está em 4,25% ao mês.

 

A pressão pela redução dos juros já vinha crescendo no mercado por conta dos números ruins da economia, mas se elevou depois que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, anunciou um corte emergencial de 0,5 ponto percentual na taxa básica para enfrentar uma quase certa recessão global. O BC liberou o comunicado para tentar minimizar ruídos.

 

Nas mesmas conversas com o mercado, representantes do BC deixaram claro que ainda não está certo o que a instituição fará na reunião de 17 e 18 de março do Comitê de Política Monetária (Copom). Mas ninguém descartou uma possível baixa da Selic, seguindo o movimento mundial para enfrentamento dos estragos provocados na economia pelo coronavírus.

 

Divisão e erros

 

O mercado está dividido. Parte acredita que o BC não deve mexer nos juros, pois uma baixa da Selic neste momento só vai impulsionar a alta do dólar, que caminha para os R$ 5, uma vez que o diferencial de taxas aqui e no exterior diminuirá ainda mais, estimulando o fluxo de capitais para economias mais sólidas.

 

Outra parcela acredita que o BC deve ser agressivo e baixar a Selic em 0,5 ponto, para 3,75% ao ano, a fim de estimular a produção, o consumo e os investimentos. Esse mesmo grupo defende a tese de que o Banco Central está atrasado nesse sentido, pois o pessimismo se instalou por completo entre os agentes econômicos.

 

Nesta segunda-feira (09/03), o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra Fernandes, participará de um evento promovido pela Bloomberg. O objetivo é transmitir a visão de como a autoridade está vendo a atual conjuntura e para onde devem ir os juros e o câmbio. Nesse mesmo dia, às 9h da manhã, o BC venderá US$ 1 bilhão das reservas internacionais do país.

 

Não há dúvidas de que o Banco Central criou muito ruído no mercado com o comunicado da última terça-feira. A percepção de muitos analistas e operadores de mercado é de que a instituição está perdida e não tem a exata dimensão do que pode ocorrer com a economia. Na verdade, esse é um sentimento quase que generalizado em relação à equipe econômica de Jair Bolsonaro.

 

Brasília, 12h57min