Como o esperado, Copom decide manter taxa Selic em 6,50% ao ano

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HAMILTON FERRARI

Como o esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, de forma unânime, manter a taxa básica Selic em 6,50% ao ano. A definição já era aguardada pelo mercado financeiro que aposta em redução dos juros na próxima reunião, que ocorrerá no fim de julho. O BC sinalizou que precisa de “avanços concretos” para possível alteração dos juros.

Na prática, os agentes já entendiam que havia uma possibilidade de cortar a Selic nesta reunião em, pelo menos, 0,25 ponto percentual, mas as declarações do presidente do BC, Roberto Campos Neto, não fomentaram as expectativas. A atividade econômica está muito mais fraca do que o esperado e a inflação se mostra controlada, bem abaixo do centro da meta, que é de 4,25%.

Tanto é que os economistas estão prevendo que a variação do Produto Interno Bruto (PIB) do país será pior do que o registrado em 2017 e em 2018, quando cresceu 1,1% em ambos os anos. Para 2019, a expectativa dos analistas é de que a expansão fique em 0,93%, de acordo com a pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central (BC).

Para economistas, a inflação tem apresentado uma trajetória mais benigna do que o esperado. O mercado espera que a taxa termine o ano em 3,84%. Com pouca demanda, o repasse de preços fica limitado.

Comunicado

De acordo com o BC, os indicadores recentes da atividade econômica indicam “interrupção do processo de recuperação da economia brasileira nos últimos trimestres”. Além disso, o cenário externo mostra-se menos adverso, em decorrência das mudanças nas “perspectivas para a política monetária nas principais economias”. Há uma tendência de menores altas dos juros nos países desenvolvidos, o que é positivo para o Brasil.

O Copom também atualizou as projeções para a inflação de 2019 e 2020 para 3,6%, 3,9%, respectivamente. “Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2019 em 5,75% a.a. e se eleva a 6,50% a.a. em 2020. Também supõe trajetória para a taxa de câmbio que termina 2019 e 2020 em R$/US$ 3,80”, informou.

“O Comitê enfatiza que a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes. Em particular, o Comitê julga que avanços concretos nessa agenda são fundamentais para consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva”, comunicou.

Brasília, 18h03min

Vicente Nunes