ROSANA HESSEL
Com a alta de 0,4% no Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2022, em relação aos três meses anteriores divulgada, nesta quinta-feira (1º/12), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desempenho da economia brasileira ficou na média global, de acordo com levantamento feito pela Austin Rating.
Conforme os dados do ranking elaborado pelo economista-chefe da Austin, Alex Agostini, o Brasil ficou em 24º lugar entre os 52 países que divulgaram os resultados do PIB até o momento. O crescimento médio foi de 0,4%, mesma taxa registrada pelo Brasil, que cresceu menos do que a média dos países do Brics — grupo dos emergentes que inclui Brasil, Rússia, Índica, China e África do Sul –, de 2,3%.
A listagem da Austin é liderada pela China, que cresceu 3,9% no trimestre, na mesma base de comparação. Na sequência, Filipinas, em segundo lugar, avançou 2,9%, e Arábia Saudita, avançou 2,6%. Estados Unidos, com 0,7% de alta no trimestre, ficou em 15º lugar. Entre os latino-americanos, Colômbia, México e Peru ficaram à frente do Brasil no ranking, com taxas de crescimento de 1,6%, 0,9% e 0,5%, respectivamente.
O crescimento do PIB brasileiro ficou abaixo do esperado pelo mercado e, com isso, o desempenho da economia brasileira não decolou e muito menos, descolou do resto do mundo, como o ministro da Economia, Paulo Guedes, insistia em falar em seus discursos otimistas.
“Na verdade, esse PIB mostra que, ainda que o desempenho do Brasil tenha sido positivo, o crescimento é baixo. É o país voltando à realidade e ficando no meio da tabela para baixo. É o Brasil sendo Brasil, porque, dificilmente, ele fica entre os primeiros lugares no ranking”, destacou Agostini. Segundo ele, os dados do PIB acabaram ficando abaixo das estimativas da Austin, de 0,6% na comparação com o trimestre anterior, mas em linha com a estimativa para o PIB anual, de 3,6%.
“Os dados do PIB do terceiro trimestre confirmam a tendência de desaceleração da economia, por conta do cenário econômico mais restritivo, com o efeito defasado da alta dos juros já surtindo efeito. Mas é claro que a questão do ambiente fiscal é bastante preocupante”, resumiu Agostini, em referência às incertezas em torno das negociações da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição protocolada no Senado Federal prevendo R$ 198 bilhões de gastos fora do teto de gastos durante quatro anos, são grandes. “Isso afeta, de forma negativa, as expectativas. Mas o PIB está contratando uma desaceleração para o ano que vem. No quarto trimestre, a variação já deve ficar muito perto de zero e isso reforça a nossa estimativa para o ano que vem é de 0,7%, sem nenhuma grande surpresa”, acrescentou.
Agostini lembrou ainda que o crescimento do PIB do trimestre refletiu “algum fôlego” do mercado de trabalho, com criação de vagas com carteira assinada, mas em ritmo menor, confirmando os sinais de desaceleração da economia. Para ele, o crescimento de 2,8% nos investimentos no trimestre acabou sendo uma surpresa positiva, mas é uma “questão pontual”. “Em geral, os investimentos têm desempenho mais fraco, mas o IBGE citou crescimento de investimentos na construção, no desenvolvimento de softwares e na importação de bens de capital, algo que não deve continuar daqui para frente, diante do cenário de desaceleração da economia doméstica e uma possível recessão no mercado global”, frisou.
Veja o abaixo o quadro elaborado pela Austin