ROSANA HESSEL
A queda de 0,1% no Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, divulgada nesta quinta-feira (2/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deixou o Brasil entre os países com os piores desempenhos econômicos planeta, conforme dados da Austin Rating, que considerou os resultados divulgados por 33 países.
Conforme os dados Austin, o Brasil ficou na 26ª colocação do ranking liderado pela Arábia Saudita, que registrou alta de 5,8% na comparação na margem, em relação aos três meses anteriores. Colômbia e Chile vieram a sequência, com crescimento de 5,7% e 4,9%, respectivamente.
O desempenho do PIB brasileiro ficou abaixo da média geral na comparação na margem, de 1,6%, e da média dos países do Brics, grupo de emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, de 0,4%.
Na listagem da agência nacional de classificação de risco, os dois últimos colocados, Índia e Rússia, não informaram o dado na margem — apenas o interanual, de 8,4% e 4,3%, respectivamente. Como as taxas desses países foram bem melhores do que as do Brasil, de 4% na comparação com o mesmo trimestre de 2020, o país deveria ter ficado na 28ª classificação, ou seja, nada a comemorar.
“O que percebemos é que, passa trimestre, há mudanças de posição entre os líderes e os últimos colocados, mas o Brasil não tem essa variância. Está sempre nas últimas colocações ou no meio da tabela para baixo. O Brasil consegue, há muito tempo, permanecer lá embaixo. Isso faz muito sentido quando olhamos crescimento médio do país na última década, que é muito baixo”, destacou o economista-chefe da Austin, Alex Agostini. Ele lembrou que, entre 2011 e 2020, a taxa média do PIB brasileiro foi de 0,7%. “Um país que cresce pouco vai sempre ficar embaixo da tabela. E o pior é que isso se deve mais a problemas domésticos”, lamentou.
Agostini lembrou que a pandemia da afetou o PIB global, porém, o Brasil, está sendo afetado o tempo todo. “Parece que o Brasil sempre tem uma crise doméstica para enfrentar, além de outros fatores que empurram o PIB para baixo, como o desarranjo fiscal, que se arrasta há muito tempo”, destacou.
As contas públicas estão no vermelho desde 2014 e, pelas estimativas da Instituição Fiscal Independente (IFI), considerando o cenário pessimista que, atualmente, é o mais provável, não haverá superavit primário até 2030, pelo menos.
Vale lembrar que o IBGE revisou o dado de queda PIB do segundo trimestre, passando de -0,1% para -0,4%. “Após dois trimestres negativos, o país entrou em uma recessão técnica e ela pode ser o prenúncio de que poderemos ter uma recessão no ano que vem, como algumas casas já estão prevendo”, alertou Agostini. Grandes bancos como Itaú Unibanco, Credit Suisse e o chinês Haitong já preveem recuo do PIB no acumulado de 2022.
Entre os países da América Latina listados no ranking, apenas o México teve desempenho pior do que o Brasil, registrando queda de 0,2% no PIB de julho a setembro deste ano.
O levantamento da Austin mostra ainda que, em 2021, o PIB do Brasil deverá ficar na 13ª posição no ranking global, considerando as 15 maiores economias do planeta.