Bolsonaro é o maior responsável por Brasil mergulhar novamente na recessão

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O presidente Jair Bolsonaro é o maior responsável pelo fato de o Brasil mergulhar novamente na recessão. A queda de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre do ano, depois de retração de 0,4% nos três meses imediatamente anteriores, foi sacramentada pelos movimentos golpistas do presidente no Sete de Setembro.

Desde que começou a propagar a possibilidade de um golpe, de convocar aliados para tomar as ruas e de incentivar ataques ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro alimentou uma onda de incerteza que fez o dólar disparar, as empresas a botarem o pé no freio dos investimentos e os consumidores a frearem as compras.

Está tudo amarrado. Ao criar um clima de instabilidade institucional, o presidente levou o dólar para próximo de R$ 5,50. Nesse patamar, os custos das empresas dispararam e o jeito foi repassar parte desses aumentos para os consumidores. O resultado foi uma inflação surpreendente, que corroeu ainda mais a renda dos brasileiros, já afetados pelo desemprego elevado.

Presidente criou ambiente hostil

Nesse ambiente hostil, não há como se falar em crescimento econômico. Os agentes que poderiam estimular a atividade olham para o horizonte e não veem segurança e confiança. Nem para investir, nem para consumir. O pior é que não há perspetivas de melhoras tão cedo. Por causa da inflação alta, de mais de 10%, o Banco Central foi obrigado a pesar a mão sobre os juros.

De 2%, no início do ano, a taxa básica de juros deve encerrar 2021 acima de 9%. Em nenhum lugar do mundo se viu um aperto monetário tão forte em tão curto espaço de tempo. Como se sabe, o impacto da política monetária na economia varia de seis a nove meses. Portanto, o efeito do aperto na atividade ainda nem começou. .

É importante ressaltar, ainda, que a pandemia está longe de acabar, dado o surgimento da variante ômicron. Isso, por si só, deixa o ambiente econômico mais turvo, apesar do avanço da vacinação no país. A economia global vai desacelerar. E isso afetará o Brasil, que já está em recessão técnica.

Seria de bom tom Jair Bolsonaro dar uma contribuição ao seu ministro da Economia, Paulo Guedes, que insiste no discurso de recuperação em V da atividade econômica. Se continuar jogando contra, insuflando um ambiente de incertezas, o presidente vai confirmar o que muitos economistas já veem como probabilidade alta: de haver queda do PIB em 2022, ano de eleições.

Brasília, 10h07min

Vicente Nunes