ROSANA HESSEL
Após o Banco Central elevar em 1,5 ponto percentual a taxa básica da economia (Selic), para 10,75% ao ano, o Brasil conquistou a liderança no ranking mundial das taxas de juros reais (descontada a inflação) elaborado pela Infinity Asset Management junto a 40 países e divulgado nesta quarta-feira (2/2).
A listagem é feita com base nas taxas anualizadas, considerando as estimativas de inflação projetada para os próximos 12 meses (ex-ante), conforme o referencial fornecido pelas autoridades monetárias de cada país.
Conforme o levantamento, o Brasil ganhou o pódio dos maiores juros reais, com taxa de 6,41% ao ano, bem acima da média geral, de -1,27%. A Rússia, na vice-liderança, registrou juro real de 4,61% ao ano. Em terceiro lugar, a Colômbia, tem taxa de juro real de 3,02%. Em dezembro, o ranking era liderado pela Turquia, com 5,83% de juros reais, enquanto o Brasil, na segunda posição, tinha taxa de 5,03%.
De acordo com o relatório, as pressões inflacionarias continuam em nível global, que mostra aceleração e aumento nos choques de oferta ao atacado e aceleração de demanda no varejo, em vista ao processo de reabertura de diversas localidades, convertendo a maioria das taxas em terreno negativo.
No caso do Brasil, foram utilizados a combinação da inflação de 5,38% da mediana das estimativas do relatório Focus do Banco Central para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no fim de deste ano, e a taxa de juros DI a mercado dos próximos 12 meses no vencimento mais líquido, de janeiro de 2023).
O estudo ainda apontou o aumento recente das pressões inflacionárias, tanto no Brasil quando no exterior, em uma conjuntura mais desafiadora para os países emergentes diante da perspectiva de aumento nos juros dos bancos centrais de vários países desenvolvidos, como o Federal Reserve (Fed), que já sinalizou o início do ciclo de aperto monetário no mês que vem.
“Ainda que se preservem parte dos programas de alívio quantitativo, o movimento global de políticas de aperto monetário ganhou força, com o aumento expressivo no número de bancos centrais sinalizando preocupação com a inflação, em especial devido aos recentes choques de oferta e perspectiva de alta nas commodities, com diversas altas de juros. Apesar da resistência europeia, os Estados Unidos anunciaram o o início da normalização de juros em março e a redução do balance sheet a se iniciar em junho”, destacou Jason Viera, economista-chefe da Infinity e responsável pela elaboração da listagem.
Veja abaixo o ranking elaborado pela Infinity