Com toda a sua rede saúde comprometida, diante do elevado número de pacientes graves com covid-19, o Exército está sendo obrigado a contratar leitos de unidades de tratamento intensivo (UTIs) na rede privada. Nos estados em que nem os hospitais privados podem atender, a solução está sendo transportar os pacientes para outras localidades.
Quem trabalha na rede de saúde das Forças Armadas diz que a situação é dramática como em todos os hospitais do país. Tem muito mais pacientes graves do que leitos para acomodá-los. No Hospital das Forças Armadas (HFA), de Brasília, até a área presidencial foi adaptada para não deixar ninguém morrer por falta de atendimento. O HFA contratou um contêiner frigorífico para estocar corpos.
A perspectiva é de que, com a rápida disseminação do novo coronavírus, o quadro de colapso nos hospitais se mantenha por todo o mês de abril. Epidemiologistas dizem que os próximos 30 dias serão os mais letais no país. A covid-19 não dará trégua, sobretudo por causa da falta de respeito da população às medidas de isolamento social.
Rede de atendimento é pequena
A situação dramática dos hospitais do militares já havia sido relatada ao repórter Renato Souza, do Correio, pelo general Paulo Sérgio, novo comandante do Exército. Antes de ser alçado ao posto mais elevado da Força, ele respondia pela área de Recursos Humanos, que inclui o setor de saúde.
O Exército tem 60 unidades de saúde, entre hospitais, policlínicas e postos avançados. Os hospitais, segundo o general, são bem equipados, mas não têm leitos de UTIs suficientes para todos. Além dos 220 mil militares da ativa, há os dependentes. São mais de 700 mil pessoas.
Outro problema grave neste momento é o elevado nível de infecção entre os jovens, que ocupam por mais tempo os leitos de UTIs. A taxa de mortalidade pela covid-19 entre os integrantes do Exército é de 0,13% ante 2,5% de média nacional. Os números, no entanto, estão piorando em ambos os casos.
Brasília, 22h57min