Com demissão de Teich, Bolsonaro assume o Ministério da Saúde

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Com o pedido de demissão de Nelson Teich, que não aceitou mudar os protocolos de uso da cloroquina para combater o novo coronavírus, efetivamente, é o presidente Jair Bolsonaro quem comandará o Ministério da Saúde. Agora, todas as suas loucuras serão acatadas sem qualquer questionamento, seja quem for o nomeado.

Em menos de um mês, dois ministros caíram da Saúde por não concordarem com as imposições de Bolsonaro, que não acredita na gravidade da covid-19 e quer acabar com o isolamento social, apesar de saber que o sistema de saúde do país não suportará o aumento de casos de contaminação pelo novo coronavírus.

Bolsonaro está imbuído da missão de forçar governadores e prefeitos a retomarem todas as atividades econômica. Teich chegou a apresentar ao presidente um projeto de reabertura gradual da economia, sempre seguindo o que diz a ciência. O agora ex-ministro chegou a falar da necessidade de lockdown em determinadas regiões.

O presidente se recusou a aceitar as propostas de Teich, que vinha sendo humilhado publicamente. Chegou-se ao ponto de ele ser informado por repórteres, em uma coletiva, que Bolsonaro havia baixado decreto que colocava academias, salões de beleza e barbearias na lista de serviços essenciais.

General como sucessor

Tudo indica que o futuro ministro da Saúde será o general Eduardo Pazuello, hoje secretário executivo da pasta. Também voltaram na lista de apostas os nomes dos deputados Osmar Terra, que assina embaixo de todos os argumentos de Bolsonaro, e a médica Nise Yamaguchi, que também comunga dos pensamentos do presidente.

Enfim, Bolsonaro, ao forçar a demissão de Teich, mostrou que não está nem um pouco preocupado com a saúde dos brasileiros. A queda do ministro da Saúde acontece num momento crítico, em que os casos de contaminação e de mortes pelo novo coronavírus batem recordes diariamente.

Já são mais de 202 mil contaminados e quase 14 mil mortes. Para o presidente, no entanto, isso é nada quando o que está em jogo é seu mandato, pois ele está certo de que, com a economia afundando, será apeado do poder.

Brasília, 12h15min

Vicente Nunes