Nas conversas que vem tendo com Bolsonaro, o ministro da Economia tem apresentado uma série de programas sociais que podem ser financiados com a nova CPMF. Além de garantir a ampliação do Bolsa Família, que passará a se chamar Renda Brasil, garantirá a criação de empregos por meio da desoneração das folhas de salários.
Guedes sabe que, depois do fim do pagamento do auxílio emergencial — o governo já divulgou o calendário das parcelas extras —, o desemprego aumentará muito, um problemão para a imagem de Bolsonaro. Então, é preciso, no entender dele, criar uma rede de proteção social, que suavizará os efeitos do desemprego, melhorando a imagem do governo.
Aval de Bolsonaro mira reeleição
Bolsonaro praticamente se convenceu com os argumentos de Guedes, pois olha mais à frente, de olho da reeleição em 2022. Ele tem em mãos números levantados por sua equipe mostrando que o pagamento do auxílio emergencial conseguiu reduzir a contração da economia e conter a queda de popularidade do governo.
Não por acaso, Bolsonaro deu aval para Guedes retomar o debate sobre a nova CPMF publicamente. A orientação do Planalto é testar ao máximo a reação da população e do Congresso para ver até onde o governo pode ir. A meta é aprovar o imposto sobre transações eletrônicas até o primeiro semestre de 2021.
A proposta da nova CPMF, com alíquotas variando entre 0,2% e 0,4%, no entanto, chegará ao Congresso em uma segunda etapa. Na próxima terça-feira (21/07), Guedes encaminhará ao Legislativo a primeira parte da reforma tributária, que prevê a unificação do PIS e da Cofins, tributos federais.
“A nossa perspectiva é de que a reforma tributária entrou com tudo no radar e será menos complicado do que até bem pouco tempo aprovar a nova CPMF. Esse discurso social por trás dela dará argumento de sobra para o Congresso aprová-la”, diz um técnico da Economia.
Brasília, 12h21min