ROSANA HESSEL
A alta de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2022 divulgada, nesta quinta-feira (1º/9), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar de ficar acima das expectativas, não colocou o país na liderança global, mas entre as 10 maiores taxas de expansão econômica.
Conforme levantamento feito pela Austin Rating, com o crescimento de 1,2% colocou o Brasil na 7ª colocação entre os maiores crescimentos globais. A Holanda, com salto de 2,6% no PIB do trimestre encerrado em junho, lidera a listagem de 29 países que divulgaram seus respectivos resultados.
Em segundo lugar, a Turquia, com avanço de 2,1% no PIB. A Arábia Saudita completa o pódio com a economia registrando expansão de 1,8%, conforme os dados elencados pela Austin.
O país latino-americano melhor colocado foi a Colômbia, em 5º lugar, com crescimento de 1,5% no trimestre.
A China, tradicional motor da economia global, registrou queda de 2,6% no segundo trimestre deste ano e ficou praticamente na lanterna, em 26º lugar do ranking da agência brasileira de classificação de risco.
Acima da média
O resultado do PIB brasileiro no segundo trimestre do ano ficou acima da mediana das projeções do mercado, de 0,9%. “O dado do IBGE surpreendeu o mercado. Veio mais forte e isso é bom, puxado pelos investimentos, com alta de 4,8% no trimestre, e pela indústria, que veio falida, mas cresceu 2,2%. Claro que o grande driver do crescimento ainda são os serviços, porque representam dois terços do PIB pela ótica da oferta”, afirmou Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, em entrevista ao Blog.
Agostini estava entre os mais conservadores, pois previa alta de 0,7% no indicador da soma de riquezas do país. “Outra surpresa, do lado da demanda, foi o crescimento do consumo das famílias, apesar da queda na renda”, ressaltou.
O crescimento da economia do país ficou acima da média de expansão dos países pesquisados, de 0,6%, conforme dados da Austin.
A média dos países do Brics, grupo das economias emergentes integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, ficou negativa em 0,6%, puxada pela retração do PIB chinês, o segundo maior do mundo.
Agostini contou que manteve em 2% a previsão do PIB deste ano. Ele ainda fez um alerta sobre o aumento dos riscos fiscais no ano que vem e ressaltou que a tendência de desaceleração do PIB, principalmente no ano que vem, devido aos impactos da alta da taxa básica da economia (Selic), atualmente em 13,75% ao ano.
“As medidas fiscais do governo para estimular a economia (como o aumento de R$ 400 para R$ 600 no Auxílio Brasil — substituto do Bolsa Família) devem empurrar os efeitos negativos do impacto da alta dos juros, que aconteceriam agora no segundo semestre deste ano, para o ano que vem, assim como o aumento do risco fiscal. Está claro que todo o impacto positivo gerado pelo aumento do benefício ainda vai acontecer no segundo semestre. Então, neste ano, poderemos ter um PIB provavelmente acima de 2%”, afirmou o economista.