IBGE: PIB cresce 1,2% no segundo trimestre de 2022

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ROSANA HESSEL

O Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas produzidas no país, avançou 1,2% no segundo trimestre de 2022, na comparação com os três meses anteriores, na série com ajuste sazonal, conforme dados divulgados, nesta quinta-feira (1º/9), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado ficou levemente acima da alta de 1,1% registrada entre janeiro e março, refletindo a retomada do setor de serviços e o impacto das medidas de estímulo do governo — como adiantamento do 13º dos aposentados e liberação do novo saque emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que ajudaram para que o resultado ficasse acima das projeções do mercado, que variavam entre 0,8% e 1%.

Do lado da oferta, a indústria apresentou o maior crescimento no trimestre encerrado em junho na comparação com os três meses anteriores, de 2,2%, seguida pelo setor de serviços que avançou 1,3%. A agropecuária, por sua vez, registrou expansão de 0,5%.

Conforme dados do IBGE, o avanço da indústria no PIB de abril a junho ocorreu devido ao aos desempenhos positivos de 3,1% na atividade de eletricidade, gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos. Construção, indústria extrativa e indústria da transformação registraram expansão de 2,7%, de 2,2% e 1,7%, respectivamente. As atividades de administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social, por sua vez, encolheram 0,8%.

Do lado da demanda, o consumo das famílias e os investimentos apresentaram destaque. O consumo das avançou 2,6% no segundo trimestre do ano, em relação aos três meses anteriores.  Na contramão, o consumo do governo encolheu 0,9%. Já os investimentos, medido pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), avançaram 4,8%. Exportações de bens e serviços encolheram 2,5% enquanto as importações de bens e serviços saltaram 7,6%.

Conforme dados do IBGE, a taxa de investimento no segundo trimestre de 2022 foi de 18,7% do PIB, mantendo estabilidade em relação à observada no mesmo período do ano anterior (18,6%). A taxa de poupança, que ficou em 20% segundo trimestre de 2020 não foi divulgada pelo órgão. “A falta da publicação dos dados do balanço de pagamentos, que é uma das fontes principais para a sua elaboração, não foi publicado pelo Banco Central com os dados relativos ao mês de junho até o fechamento da divulgação do PIB”, informou a instituição.

Em valores correntes, o PIB somou R$ 2,4 trilhões no segundo trimestre, sendo R$ 2,1 trilhões referentes ao Valor Adicionado (VA) a preços básicos e R$ 332,2 bilhões em impostos, de acordo com o IBGE. O órgão informou que, com o resultado do segundo trimestre, o PIB está a 3% acima do patamar do quarto trimestre de 2019.

Em relação ao segundo trimestre de 2021, o PIB cresceu 3,2%. No acumulado dos quatro trimestres encerrados em junho de 2022, o PIB avançou 2,6%, comparado aos quatro trimestres imediatamente anteriores. No ano, o PIB acumula alta de 2,5%, mas analistas alertam para o início do processo de desaceleração da economia na segunda metade de 2022, principalmente, devido ao impacto do aperto da política monetária do Banco Central.

Apesar do dado positivo, nem todos os analistas não pretendem melhorar as estimativas, por enquanto. “O resultado é bom, mas não iremos revisar ainda o PIB deste ano. Projetemos alta de 2% uma vez que amos olhar em detalhe outros componentes, como setor externo, que recuou com a alta expressiva das importações e queda nas importações”, destacou André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, destacou que a surpresa do mercado ocorreu porque houve dados “subestimados” para o setor de serviços e o mercado de trabalho. Ele adiantou que pretende elevar de 2% para 2,5% a previsão de crescimento do PIB deste ano.

Vale lembrar que a mediana das estimativas do mercado para o PIB deste ano, conforme dados do boletim Focus, do BC, é de 2,10%. E, para 2023, a projeção é de desaceleração no PIB para 0,37%.

Vicente Nunes