Com a cúpula do governo pega pela Lava-Jato, economia pode afundar de vez

Publicado em Economia

As previsões pessimistas para a economia vão se agravar diante das últimas revelações da Lava-Jato. As delações de executivos da Odebrecht pegaram toda a cúpula do governo, incluindo o presidente Michel Temer, que teria pedido, em 2014, R$ 10 milhões à construtora. Segundo os delatores, essa quantia foi paga em dinheiro vivo a pessoas de extrema confiança do chefe do Executivo, como o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o secretário executivo do Programa de Parceria e Investimento, Moreira Franco, e José Yunes, assessor especial do presidente, além dos senadores peemedebistas Renan Calheiros, Romero Jucá e Eunício Oliveira.

 

Um governo fragilizado por denúncias de corrupção, no entender dos especialistas, atrasa ainda mais a retomada da atividade. Quando Temer tomou posse, uma onda de otimismo levou boa parte do mercado e a equipe econômica a projetarem crescimento de até 2% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2017. Aos poucos, porém, a decepção foi tomando o lugar da euforia. Quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o resultado do PIB do terceiro trimestre deste ano, com tombo de 0,8%, constatou-se que, em vez de regredir, a recessão se aprofundou.

 

“Quando olhamos para a frente, não vemos nenhuma saída da crise”, afirma Rafael Cagnin, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). “Neste momento, todos os sinais visíveis são de piora”, emenda Luciana de Sá, diretora de Desenvolvimento Econômico da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Essa percepção se deteriora ante as denúncias contra o governo e as cúpulas da Câmara dos Deputados e do Senado. Com diz um empresário com trânsito no Palácio do Planalto, “a delação do fim do mundo chegou e tem tudo para levar para o buraco gente muito graúda e para enterrar de vez a economia”.

 

Uma coisa é certa: de nada adiantará negativas vazias perante delações tão detalhadas de uma empresa que fez o que quis nos últimos anos. Tomou conta do governo, do Congresso e do Judiciário. Usou e abusou de propina para ver atendidos seus pleitos. O esquema de corrupção da Odebrecht está todo documentado. O que se viu ontem foi apenas o começo de um terremoto que está longe de acabar. A nós, pobres mortais, só restará assistir de camarote a ruína de pessoas que, ao longo de vida pública, só tiveram um objetivo: surrupiar os cofres públicos. Que, agora, sejam punidas com rigor.

 

Brasília, 08h13min