Clima de otimismo no mercado faz B3 ficar acima de 112 mil pontos

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ROSANA HESSEL

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) já está acima de 112 mil pontos, em novo recorde nesta quinta-feira (12/12), embalada com notícias positivas da véspera, como a aprovação da MP do Saneamento com a melhora da perspectiva da nota do Brasil anunciada pela Standard & Poor’s. A expectativa é que as demais agências internacionais de classificação risco façam o mesmo, podendo elevar a nota do Brasil, que perdeu selo de bom pagador em 2015.

Como os operadores do mercado vivem de antecipar expectativas, a B3 abriu em clima otimista, um dia depois de Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, reduzir mais uma vez a taxa básica de juros (Selic), de 5% para 4,5% ao ano, novo piso histórico.

“O que mais puxa essa alta da Bolsa foi o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) manter os juros e a Standard & Poor’s melhorar a perspectiva da nota do Brasil. A aprovação da novo marco regulatório do saneamento também animou o mercado, porque deverá atrair investimentos e gerar empregos nas obras. Isso dá mais confiança de que outras reformas serão aprovadas”, afirmou Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset.

Perspectiva

Ontem, a norte-americana Standard & Poor’s  melhorou a perspectiva da nota de risco do país, de estável para positiva, e reafirmou a classificação dos títulos soberanos brasileiros em BB-, menor patamar desde 2005, a três degraus do nível de investimento. A S&P foi a primeira agência a conceder e a retirar o selo de bom pagador do Brasil.

A mudança na perspectiva é primeiro passo antes de haver uma elevação da nota de um país. No comunicado, a S&P fez elogios à aprovação da reforma da Previdência, mas várias ressalvas sobre a necessidade de continuidade das reformas estruturais. Ainda reforçou que um upgrade pode ocorrer “dentro de dois anos”, e, para que isso ocorra, é preciso que a tendência de crescimento da dívida pública se estabilize.

Para atualizar a nota do Brasil, a S&P sinaliza a necessidade de “mais progresso” na agenda de privatizações e em medidas que consigam reduzir, de forma mais rápida, os rombos das contas públicas, considerados elevados pela agência. As estimativas da S&P para a economia brasileira, no entanto, ainda mostram que o quadro fiscal ainda é preocupante. A dívida pública bruta continuará crescendo até 2022, chegando ao pico de 85,3% do Produto Interno Bruto (PIB), quase o dobro da média de países emergentes, de 50% do PIB. A instituição prevê expansão de 1% no PIB deste ano, passando para 2%, em 2020.

A agência ainda sinalizou que os ratings da dívida soberana brasileira também podem ser aprimorados “se a dinâmica real de crescimento do PIB começar a se comparar mais favoravelmente” com pares com um nível de desenvolvimento econômico acima do esperado, lembrou o economista Alberto Ramos, diretor do Goldman Sachs. “Em nossa avaliação, reflete uma macro realidade caracterizada por uma recuperação cíclica gradualmente fortalecida e ampliada em um cenário de inflação baixa e contida, progresso moderado e  modesto diante da agenda de de política econômica mais ortodoxa e reformista em geral”,destacou Ramos. Ele aposta em mais um corte de 0,25 ponto percentual na Selic no primeiro trimestre de 2020.

A expectativa de juros cada vez mais baixos já anima os operadores, porque os investidores acostumados com a renda fixa vão ser obrigados a procurar o mercado acionário para obter um retorno maior do investimento. No acumulado do ano, o Índice Bovespa registra valorização de quase 27%. A poupança, por exemplo, passa a render apenas 3,15% ao ano com a nova Selic.

Vicente Nunes