Centrão quer a cabeça de Pazuello e o comando do Ministério da Saúde

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Se, no governo, o clima é de desolação ante o desempenho medíocre do general Eduardo Pazuello à frente do Ministério da Saúde, no Centrão, o grupo dos partidos mais fisiológicos do Congresso e base de sustentação de Jair Bolsonaro, os dentes estão arreganhados de felicidade.

Os líderes das legendas do Centrão já se movimentam para convencer o presidente Jair Bolsonaro a entregar a cabeça de Pazuello e dar ao deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, o comando do Ministério da Saúde. Barros já liderou a pasta durante a administração de Michel Temer.

O argumento dos integrantes do Centrão é de que o governo precisa estancar, rapidamente, a sangria no Ministério da Saúde. A percepção na população é de que a área mais importante do governo está à deriva. Pazuello não conseguiu sequer organizar o plano nacional de imunização, no qual o Brasil é craque.

Para o Centrão, seria importante assumir o Ministério da Saúde antes das eleições para as presidências da Câmara e do Senado, marcadas para 1º de fevereiro. Esse presente de Bolsonaro reforçaria, na visão dos líderes do grupo, os votos em Arthur Lira, o candidato do Planalto à sucessão de Rodrigo Maia.

Segundo parlamentares do Centrão, ficou muito feio a derrota de Bolsonaro na disputa com o governador de São Paulo, João Doria, na guerra das vacinas. O governador conseguiu fazer a foto histórica da primeira brasileira vacinada no país contra a covid-19. A derrota de Bolsonaro é atribuída pelos político à incapacidade de gestão por parte de Pazuello.

A gula do Centrão ficará ainda maior se Bolsonaro levar adiante o desejo de lançar um novo programa social no sentido de criar um fato positivo para o governo, que vem apanhando há dias, desde que eclodiu a crise em Manaus, que sofre pela falta de oxigênio nos hospitais. Essa crise também é atribuída pelo Centrão a Pazuello.

Enfim, com os pedidos de impeachment voltando a todo vapor, Bolsonaro tende a ser ainda mais condescendente com o Centrão. Nesse caso, a cabeça de Pazuello vale muito pouco.

Brasília, 21h015min

Vicente Nunes