AlimentosInflacao Foto: Carlos Moura/CB/D.A Press

BTG Pactual mantém previsão para o PIB, mas piora a de inflação

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

O BTG Pactual decidiu manter a previsão de queda de 5% do PIB em 2020, “apesar de os dados terem surpreendido positivamente no terceiro trimestre, compensando a surpresa negativa com o PIB do segundo trimestre”. No entanto, devido à pressão nos preços dos alimentos, a instituição elevou de 1,9% para 2,5% a estimativa de inflação deste ano, no piso da meta de 4% anuais determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).A previsão também está acima da expectativa do do Banco Central para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2020, de 2,1%. 

 

Em relatório divulgado nesta quinta-feira (1º/10) para investidores estrangeiros ao qual o Blog teve acesso, o banco destacou que os riscos negativos para o crescimento em 2021 continuam, principalmente, o de reversão do consumo das famílias. “As perspectivas para a inflação de curto prazo deterioraram-se significativamente. A maior parte da pressão está restrita ao segmento de alimentação em casa, enquanto os componentes mais cíclicos da inflação continuam a tendência de baixa e com poucos sinais de aceleração na margem”, informou a instituição.  “Com o estímulo fiscal previsto para diminuir em 2021 e o desemprego ainda em alta, vemos pouco espaço para uma aceleração sustentada da inflação de serviços”, acrescentou o documento. 

 

 

O BTG também está mais pessimista do que o Banco Central em relação à entrada de Investimento Direto no País (IDP), pois prevê US$ 45 bilhões, dado inferior aos US$ 50 bilhões estimados pela autoridade monetária, após segunda revisão para baixo no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) redução acentuada no reinvestimento de lucros explica a maior parte da diminuição do IDP esperada. 

 

Preocupação com o fiscal

 

O banco destacou que a piora nas projeções ocorreu devido ao “maior risco de deterioração das contas públicas do Brasil”. A estimativa para o deficit primário do setor público consolidado é de R$ 898 bilhões, e, para 2021, de R$ 220 bilhões. Segundo a instituição, a ancoragem fiscal permanece um grande desafio, principalmente, “devido aos diversos riscos sobre as despesas”. ” “Apesar de desafiador, particularmente do ponto de vista político, o cumprimento do teto de gastos é viável”, acrescentou.

 

De acordo com o relatório do BTG, a projeção de taxa de câmbio, no final de 2020, ficou em R$ 5,35, e, para o final de 2021, em para R$ 5,10. Em relação à política monetária, informou que prevê que a taxa básica de juros (Selic) deverá se manter estável em 2% ao ano “por um período prolongado”, devido à sinalização do Banco Central ao considerar o choque recente nos preços dos alimentos como temporário.