Com os preços dos combustíveis em disparada – chegaram a R$ 4,78 -, mudando quase que diariamente, os brasilienses têm enfrentado filas durante o dia e à noite para encher o tanque com gasolina mais barata. São constantes os engarrafamentos em postos que margeiam a EPTG, a via mais movimentada do Distrito Federal, e no centro de Taguatinga. Nessas regiões, é possível encontrar o litro da gasolina variando entre R$ 4,14 e R$ 4,19.
Para os motoristas, vale a pena esperar até meia hora para encher o tanque, pois a economia, ao longo do mês, é grande. “Não dispenso nenhum centavo de diferença. Temos que priorizar onde a gasolina está mais barata, pois é um escândalo pagar R$ 4,78 pelo combustível”, diz a servidora Andreia Cerqueira, 41 anos. Ela só abastece nos postos de Águas Claras, que ficam na EPTG, onde têm combustíveis mais em conta.
Mesmo nesses estabelecimentos, os preços subiram bastante. Em meados de abril, era possível encontrar o litro da gasolina a R$ 3,89. “Aproveitei o máximo que pude. A esse valor, não deixava o tanque do meu carro ficar abaixo da metade. Sabia que aquele preço era insustentável”, afirma o motorista de aplicativos Moacyr da Silva, 37. “Hoje, já penso em desistir de ser motorista. A gasolina cara está inviabilizando nosso negócio”, ressalta.
Irritação
Os consumidores não escondem a irritação com os preços dos combustíveis. E cobram do governo uma ação efetiva para conter os abusos. Nesta terça-feira (22/05), a Petrobras anunciou redução nos preços da gasolina e do diesel nas refinarias. A queda valerá a partir desta quarta-feira (23/05), mas são poucos os que acreditam que os postos repassarão essa baixa para as bombas.
“Quando a Petrobras anuncia aumento de preços, os postos repassam imediatamente para os consumidores. Mas quando há redução, quase nunca vemos mudanças nas bombas”, reclama o aposentado Sérgio Martinez, 67. “Isso acontece por falta de fiscalização do governo. Há muito abusos nos postos, que só estão preocupados em aumentar os lucros”, acrescenta.
Portanto, diz Martinez, se o governo reduzir os impostos dos combustíveis, como está se cogitando, será preciso muita pressão sobre os postos para evitar que só eles sejam beneficiados. “Tudo terá que ser muito bem monitorado pelo governo e pelos consumidores”, diz.
Brasília, 19h17min