Brasil fica mais desigual com aumento da pobreza, mostra IDH

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A forte recessão que tragou o Brasil e a inflação alta por um longo período fizeram aumentar o fosso que separa ricos e pobres, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) calculado pelo Organização das Nações Unidas (ONU).

A desigualdade ganhou tanta força no Brasil, que, se esse indicador fosse considerado pelo ONU, o país cairia 19 posições no ranking do IDH de 2015 divulgado hoje. Ou seja, em vez de permanecer estagnado na 79ª posição, o Brasil se situaria no 98º lugar.

Isso mostra o quanto a falta de crescimento econômico prejudica uma Nação. Não basta apenas programas sociais para reduzir a pobreza. É preciso que a economia cresça, com a inflação sob controle, que gere emprego e que a renda de multiplique. É muito provável que o IDH de 2016 seja bem pior.

Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano, somente dois países teriam queda maior no ranking do IDH se a desigualdade social entrasse no cálculo do indicador: Irã, que perderia 40 posições, e Botsuana, que desceria 23 degraus. A ONU informa que, de acordo com o Coeficiente de Gini, que mede a distância entre ricos e pobres, o Brasil é o 10º mais desigual entre 143 países.

Os cálculos da desigualdade dentro do IDH levam em conta, entre outros pontos, a rendas e a educação. Quando a renda é considerada, o IDH do país cai 37,8%. Quando entra a educação, a perda é de 22,6%. Ou seja, o Brasil precisa, urgentemente, voltar a crescer e a gerar empregos, e melhorar — e muito — o acesso e a qualidade do ensino.

Para os coordenadores do IDH, apesar dos avanços registrados nos últimos anos no Brasil, muitas pessoas ainda continuam excluídas desse processo. O quadro se agravou porque, com a recessão, muita gente perdeu o emprego, ficou sem renda e teve de retroagir na escala social. Pelo menos 3 milhões de pessoas voltaram à condição de pobreza entre 2015 e 2016.

As perspectivas ainda são ruins para o Brasil. Em 2017, com todos os problemas políticos e as incertezas, é possível que a economia saia da recessão, mas o crescimento será pífio, de apenas 0,5%, insuficiente para reduzir o exército de quase 13 milhões de desempregados.

Vicente Nunes