ROSANA HESSEL
Apesar de a taxa básica de juros (Selic) continuar no piso histórico de 2% ao ano, o Brasil figura entre os 20 países com as taxas de juros reais (descontada a inflação) mais elevadas do mundo, conforme levantamento feito pela Infinity Asset Management.
Após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, manter a Selic em 2% ao ano, o Brasil ficou na 16ª colocação em um ranking de 40 países elaborados pela instituição, com taxa de juros negativa de 0,81% ao ano, descontando as estimativas de inflação acumulada para os próximos 12 meses.
De acordo com o levantamento, 87,5% dos países do ranking optaram por manter os juros nos patamares atuais enquanto 10%, realizaram corte e apenas, um aumentou os juros. A média de juros reais está negativa em 0,92% anuais, conforme os dados da Infinity. A Turquia aparece em primeiro lugar na lista de 40 países, com taxa de juros reais de 3,01% ao ano. Na sequência, Indonésia (1,36%), Rússia (1,23%) e Argentina (1,16%).
A entidade fez alerta para o aumento das pressões no custo de vida. “Os efeitos deflacionários da pandemia de covid-19 começam a perder ainda mais força e a inflação de 12 meses já desenha um cenário de preços mais pressionado do que aquele observado no auge da pandemia. Pontos importantes devem ser considerados também na recuperação mais acelerada da atividade econômica e no peso da questão fiscal”, destacou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity.
Em termos nominais, o Brasil ficou na 11ª colocação no ranking de 40 países, abaixo da Colômbia. “O movimento global de políticas de afrouxamento monetário e de alívio quantitativo ganhou força, com o aumento expressivo no número de bancos centrais efetuando cortes de juros”, informou o economista. A Argentina lidera a lista, com juros nominais de 38% ao ano. Em segundo lugar ficou a Turquia, com 8,25% ao ano. A media do ranking ficou em 2,1% ao ano.
Na avaliação de Vieira, os países emergentes com quadro fiscal deteriorado, como é o caso do Brasil, tem pouco espaço para continuar a redução de juros, apesar de o teto de gastos garantir uma “mínima previsibilidade”. “O Brasil optou por uma política de juros ousada, com base em um modelo com diversos parâmetros claramente distorcidos e avançou no afrouxamento muito além de seus pares internacionais, afastando assim o investidor estrangeiro, num momento de elevada aversão ao risco”, disse.
Veja o ranking da Infinity