O novo ministro da Defesa, general Braga Netto, está correndo para nomear logo os futuros comandantes das Forças Armadas. Ele deve começar as entrevistas dos candidatos ainda nesta terça-feira (30/03) e concluir o processo em um ou dois dias, no máximo, para apresentar as opções ao presidente Jair Bolsonaro.
A meta de Braga Netto e do governo é encerrar o mais rapidamente possível a crise aberta nos quartéis, detonada após a demissão do general Fernando Azevedo e Silva, seguida pela exoneração dos chefes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha. A ordem é escolher pessoas mais alinhadas ao pensamento do Palácio do Planalto.
Há um clima de perplexidade no comando das três Forças ante a decisão repentina de Bolsonaro de demitir o ministro da Defesa e os chefes das Forças, mas, a despeito dos traumas, reforçou a disposição entre o alto escalão de não deixar o governo se apoderar das instituições.
A ideia inicial de Bolsonaro era demitir apenas o general Edson Pujol do Exército. Mas o Planalto foi avisado de que, caso isso ocorresse, Ilques Barbosa Júnior abriria mão do comando da Marinha e Antonio Carlos Bermudez, da Aeronáutica.
Forças não são instrumentos do governo de plantão
Na reunião da noite de segunda-feira (29/03), após a demissão de Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa, os três comandantes fecharam questão de que não renunciariam aos cargos. Isso, inclusive, foi dito nas reuniões que eles tiveram com os altos comandos das Forças, cada um com a sua.
Nesta terça-feira, Pujol, Ilques e Bermudez não tiveram sequer oportunidade de falar no início da reunião com Braga Neto. Foram avisados, de cara, que estavam sendo demitidos a mando do presidente da República. Daí em diante, a conversa pegou fogo. Os três comandantes deixaram claro que, mesmo sendo exonerados, não haveria como Bolsonaro se apoderar das Forças Armadas, levando a política para dentro dos quartéis.
O entendimento de Pujol, Ilques e Bermudez é o de que a posição dos altos comandos está consolidada de que as Forças Armadas são instituições de Estado, não instrumentos do governo de plantão. Portanto, quem quer venha a ser nomeado não conseguirá romper esse cordão de isolamento. Nem mesmo no Exército, objeto de desejo de Bolsonaro.
Essa posição também foi reforçada pelo ex-ministro da Defesa, que passou o dia na pasta e teve um encontro de despedida com assessores. No discurso de agradecimento, disse que, “na vida militar, tem hora de chegar e hora de sair”. Ele assegurou que, agora, sua prioridade é descansar.
Brasília, 18h05min