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Bolsonaro usou um suicídio para tirar vantagem política. Ele deve desculpas ao país

Publicado em Economia

O Brasil, realmente, vive um dos piores momentos de sua história. O presidente Jair Bolsonaro ultrapassou todos os limites do bom-senso nesta terça-feira (10/11) ao tentar tirar proveito político de um caso de suicídio. Ele comemorou a morte de uma pessoa para fustigar seu adversário, o governador de São Paulo, João Dória.

 

Em outubro, o Instituto Butantan informou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que havia registrado um “evento adverso grave” com um dos voluntários dos testes da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório paulista com a empresa chinesa Sinovac. O Butantan ressaltou que o evento nada tinha a ver com os testes do imunizante.

 

Pois, na noite de segunda-feira (09/11), a Anvisa, surpreendentemente, suspendeu os testes da CoronaVac, mesmo sabendo que o voluntário, um homem de 33 anos, não morreu em consequência dos efeitos da vacina, mas, sim, porque tirou a própria vida. Suicidou-se.

 

Sem qualquer pudor em relação ao fato, Bolsonaro usou uma rede social para se gabar de que, com a suspensão dos testes da CoronaVac, tinha ganhado mais uma disputa com Dória. “Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, escreveu Bolsonaro em resposta a um seguidor dele no Facebook.

 

O Instituto Butantan teve todo o cuidado para manter a causa da morte do voluntário sob sigilo a fim de proteger a família dele. Houve vários questionamentos da imprensa sobre a causa mortis, mas os representantes do instituto não quiseram torná-lo público, por respeito.

 

Respeito que, por sinal, faltou a Bolsonaro. O presidente, infelizmente, dá cada vez mais mostras de que não está preparando para o cargo que ocupa. Primeiro, por comemorar a suspensão dos testes de uma vacina em meio a uma grave pandemia. Segundo, e pior, por usar o caso de um suicídio para tentar tirar vantagens políticas.

 

Bolsonaro deve desculpas à família do voluntário morto. Deve desculpas ao país.

 

O que torna o caso mais trágico é que não há nenhuma perspectiva de respeito por parte de Bolsonaro. Essa é uma palavra que não existe no dicionário dele. Pobre Brasil.

 

Brasília, 13h48min