A saída de Maia da articulação política não passou despercebida por Bolsonaro. Nesta terça-feira (14/5), o presidente da República jogou a pressão no Parlamento por resultados positivos à economia. “Não esqueçamos que precisamos do Congresso para que possamos, definitivamente, decolar economicamente e realizar as tão necessárias transformações econômicas que o Brasil precisa”, declarou, em publicação no Twitter.
O governo reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano de 2,7% para 1,5%, ainda assim, uma taxa otimista em relação ao que prevê o mercado, que já fala em avanço inferior a 1%. O Banco Central, por sua vez, admite retração do PIB no primeiro trimestre do ano, resultado com forte impacto no mercado de trabalho.
Não por acado, os níveis de desemprego continuam elevados e o governo sabe que apenas a aprovação das agendas reformistas pode contribuir para reativar a economia de forma mais rápida. Como a reforma da Previdência está sendo discutida na Câmara, a leitura feita por deputados é a de que o presidente tenta pressioná-los com um recado a Maia. O demista, por sua vez, deve dar uma resposta com menos desgastes que Bolsonaro.
Tributos
Em meio à “guerra fria”, o deputado João Roma (PRB-BA) apresenta nesta quarta (15) o relatório da reforma tributária em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A matéria foi construída com base em estudos do economista Bernard Appy. Se aprovada, dará os méritos a Maia e às principais lideranças do Centrão, como o líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi (SP).
A Câmara vinha discutindo a montagem de uma reforma tributária na Subcomissão Especial que discute o tema com o apoio do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, ambos integrantes do governo. Irritado com a articulação do governo, Maia se articulou para neutralizar a formação da matéria nesse colegiado e encaminhar a proposta em discussão na CCJ.
Os movimentos ainda são incipientes, mas a estratégia de Maia se mostra, até o momento, mais inteligente. Para deputados e integrantes do próprio governo, Bolsonaro não está em posição de pressionar os parlamentares. Deveria, sim, buscar a conciliação. “Os gestos dele deveriam ser feitos no sentido de buscar uma proximidade, e não o contrário”, criticou um líder partidário ao Blog.
Brasília, 16h25min