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Bolsonaro ainda confia em Anderson Torres, mas está com medo

Publicado em Economia

Distante há três semanas do Brasil, de onde saiu dois antes da posse do presidente Luiz Inácio da Silva, o ex-presidente Jair Bolsonaro está monitorando, por meio de aliados que têm na Polícia Federal e na Polícia Militar do Distrito Federal, todos os passos de seu ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que está preso em Brasília.

 

Bolsonaro ainda confia no ex-subordinado, mas está com medo de que ele não resista às pressões para dizer tudo o que sabe sobre os ataques terroristas em Brasília no domingo 8 de janeiro e sobre a minuta do golpe que previa a declaração de estado de defesa para intervir no Superior Tribunal Eleitoral (TSE) a fim de mudar os resultados das eleições presidenciais, vencidas por Lula.

 

Pelos relatos que Bolsonaro têm recebido, Torres está ciente de suas responsabilidades e comprometido a negar qualquer envolvimento com os terroristas e com tentativas de golpe. Mas o ex-presidente acredita que, a depender do tempo em que ficar preso, o ex-ministro e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal poderá romper os compromissos e delatar o que sabe.

 

Torres foi preso no sábado, quando desembarcou em Brasil, oriundo dos Estados Unidos, onde havia se encontrado com Bolsonaro. Até agora, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não marcou o depoimento do ex-ministro. Bolsonaro vê a demora de Moraes como uma tática para testar Torres, até quanto ele está disposto a proteger alguém.

 

Aliados de Bolsonaro já o avisaram para se preparar para o pior. Torres executou muitas ordens do ex-presidente para tumultuar o processo eleitoral, como, por exemplo, mandar a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreender ônibus no Nordeste, onde Lula era muito forte. Como diz um ex-integrante do Palácio do Planalto, Anderson Torres fez muito jogo sujo.

 

O ex-ministro assumiu a Secretaria de Segurança do Distrito Federal em 2 de janeiro, um dia depois da posse de Lula. Um de seus primeiros atos foi mudar toda a cúpula da secretaria e da PM. Viajou de férias para Miami exatamente em 8 de janeiro, dia em que terroristas invadiram as sedes dos Três Poderes. São muitas as pontas que ligam Torres aos atos terroristas e a Bolsonaro. É esperar para ver.