O saldo desta quinta-feira (12/03) no mercado financeiro foi estarrecedor, diante da disseminação rápida do coronavírus e dos impactos brutais sobre a economia global.
A Bolsa de Valores de São Paulo desabou 14,78%, para os 72.583 pontos, o pior resultado para um dia desde 1998, em meio à crise da Rússia. A Bolsa teve o pregão interrompido duas vezes ao longo do dia para tentar conter o pânico dos investidores.
Já o dólar fechou na maior cotação da história, a R$ 4,788, com alta de 1,4%. Logo na abertura das negociações, a moeda norte-americana chegou a ser vendida acima dos R$ 5, valor que deixou o governo em pânico. O dólar só baixou desse patamar depois de mais uma intervenção do Banco Central, que vendeu US$ 2,5 bilhões das reservas internacionais.
O risco-país voltou aos níveis do período de impeachment de Dilma Rousseff, em junho de 2016, subindo 58% em um dia, para os 356 pontos. Esse indicador, medido pelo credit default swap (CDS), uma espécie de seguro de cinco anos, mostra o tamanho a desconfiança dos investidores em relação ao Brasil.
Derrota e contaminação
No país, a situação foi agravada pela derrota do governo em uma votação no Congresso. Os parlamentares derrubaram um veto do presidente Jair Bolsonaro à mudança nas regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC), medida que, pelos cálculos da equipe econômica, custará R$ 20 bilhões por ano.
Também assustou os investidores a notícia de que o presidente da República pode esta com coronavírus — o resultado oficial do exame sai nesta sexta-feira (13/03). Bolsonaro viajou para os Estados Unidos com o chefe da Comunicação do governo, Fabio Wajngarten, que foi contaminado pelo vírus. Todos os integrantes da comitiva que acompanhou o presidente estão sendo monitorados.
No contexto internacional, as bolsas sofreram com a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de suspender voos para a Europa por 30 dias. Várias cidades estão decretando emergência e exigindo que as pessoas fiquem em casa, o que terá impacto brutal na economia.
A Bolsa de Nova York suspendeu os negócios logo depois da abertura, com queda superior a 7%. O índice Dow Jones encerrou o dia com baixa de quase 10%, apesar de o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, ter anunciado a injeção de US$ 1,5 trilhão na economia para evitar a quebradeira de bancos e empresas.
Na Ásia e na Europa, o rastro de prejuízos também foi impressionante. No Japão, o tombo foi de 4,41%. Na China, de 3,66%. Em Londres, as perdas chegaram a 10,87% e, em Frankfurt (Alemanha), a 12,24%. Segundo os especialistas, os mercados ainda estão muito longe da normalidade. Será preciso muito sangue-frio para superar tamanha turbulência.
Brasília, 17h54min