ROSANA HESSEL
A realidade está se impondo, apesar de o ministro da Economia, Paulo Guedes, insistir em afirmar que o Brasil está “decolando” e criticar as previsões que ele considera pessimistas. O Banco Central, divulgou, nesta terça-feira (16/11) o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), conhecido como a prévia do PIB, negativo em 0,27% no mês setembro, taxa em linha com as estimativas dos analistas e nada animadora para as perspectivas econômicas do país neste ano e no próximo.
O desempenho do indicador no trimestre apresentou recuo de 0,14%, o que não animou o mercado financeiro, que abriu a semana no vermelho, diante da confirmação de que a recessão está contratada, em grande parte, devido aos erros do governo na condução da política econômica de Guedes, que está mais disposto a fazer vontades eleitoreiras de Jair Bolsonaro (sem partido).
A recessão técnica é configurada quando há dois trimestre consecutivos de queda no PIB. Logo, como houve recuo de 0,1% no segundo trimestre, se a prévia do PIB do BC for confirmada, a recessão em 2021 estará praticamente confirmada, pois algumas estimativas não descartam PIB negativo também no último trimestre deste ano.
O dado do BC não animou os agentes financeiros, que abriram as negociações da semana após o feriado de segunda-feira nervosos. A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) apresentava queda de quase 2%. O Índice Bovespa, principal indicador da B3 atingia 104.246 pontos, patamar 1,96% abaixo do fechamento de sexta-feira (12). O dólar comercial subia mais de 0,70% e voltava a ser negociado em torno de R$ 5,50.
Piora nas estimativas
Em outro relatório do Banco Central divulgado hoje, o boletim Focus, mostra nova piora nas estimativas do mercado. A mediana das expectativas de crescimento do PIB deste ano recuou de 4,93% para 4,88% nesta semana em relação à anterior. Foi a quinta queda seguida dessa projeção. Para 2022, o mercado passou a prever crescimento abaixo de 1% pela primeira vez no boletim, passando de 1% para 0,93%, a sexta redução seguida no indicador.
A mediana das previsões para a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano foi corrigida para cima pela 32ª semana consecutiva, passando de 9,33% para 9,77%. A estimativa para o IPCA de 2022 passou de 4,63% para 4,79%, bem próximo do teto da meta do ano que vem, de 5%. O boletim Focus apresentou alta na mediana para o indicador de 2023, de 3,27% para 3,32%. A meta de inflação de 2022 é de 3,5% e, no ano seguinte, de 3,25%.
Apenas estimativas para o câmbio e para a taxa básica de juros (Selic) foram mantidas, respectivamente, em R$ 5,50 e 9,25%, para este ano, e R$ 5,50 e 11%, para o ano que vem.