BNDES vê Bolsonaro e os filhos dele como potenciais geradores de crise

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Em documento para montar estratégia de comunicação, que acabou resultando na demissão de um funcionário por justa causa, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aponta o presidente Jair Bolsonaro e os filhos dele como potenciais geradores de crise.

A orientação passada em reunião realizada com superintendentes do BNDES em agosto último era de que um grupo de pessoas, entre eles, 15 jornalistas e vários políticos, como Bolsonaro e os filhos, deveria ser abordado para evitar que provocassem problemas para a imagem da instituição.

As recomendações estão em um slide do documento intitulado Black Box, ou caixa-preta, à qual o atual presidente do BNDES, Gustavo Montezano, assumiu a missão de abrir. Ele, por sinal está calado desde que a crise explodiu no banco depois da demissão sumária de Gustavo Soares, da área da Tecnologia da Informação (TI).

Em nota enviada ao Blog, a assessoria de imprensa da instituição estatal diz que “esse documento preliminar se refere a uma apresentação de consultoria externa contratada pelo BNDES. A apresentação não representa a opinião do banco. Temas sobre os quais a sociedade questionava a atuação do banco foram apresentados na campanha BNDES Aberto, lançada no mês passado.
Essas explicações permanecem disponíveis de maneira clara e transparente para a sociedade no site aberto.bndes.gov.br.

A apresentação sobre estratégias de comunicação do BNDES foi compartilhada em um arquivo público denominado X. Centenas de funcionários do banco tiveram acesso à informação, inclusive ao slide da discórdia, que aponta Bolsonaro e os filhos como geradores de crise.

Apesar de o diretório X ser público, o BNDES abriu uma sindicância para ver quem havia disponibilizado a apresentação no sistema. A sindicância chegou a Gustavo Soares, que copiou a apresentação, como outros colegas, e a enviou por WattsApp para alguns funcionários.

Gustavo foi demitido por justa causa sem direito de defesa. O resultado da sindicância está em segredo de Justiça. O agora ex-funcionário do BNDES cobra a sua reintegração ao quadro de pessoal do banco, alegando inocência e perseguição. Esse fato explicitou o clima de caça às bruxas no BNDES.

Nesta quinta-feira (12/12), a Associação dos Funcionários do BNDES (AFBNDES) está fazendo uma convocação para um ato de defesa de Gustavo. Representantes da associação estão passando de andar em andar da sede da instituição, no Rio. A manifestação está marcada para sexta-feira, às 14h30.

Brasília, 11h14min

Vicente Nunes