POR ANTONIO TEMÓTEO
O Banco Central (BC) justificou, por meio da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), porque surpreendeu o mercado e manteve a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano. A expectativa era de um último corte de 0,25 ponto percentual.
Conforme a equipe de Ilan Goldfajn, a favor da decisão de manter os juros inalterados, pesou a mudança no balanço de riscos para a inflação em função do choque externo, que reduziu as chances de o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) permanecer abaixo da meta no horizonte relevante por meio de possíveis impactos secundários.
Com isso, a autoridade monetária concluiu que “tornou desnecessária a mitigação de risco de convergência demasiadamente lenta da inflação às metas” e que manter a Selic em 6,5% era mais apropriado. O colegiado ainda aproveitou para apresentar as justificativas para a mudança na comunicação.
Vale lembrar que um dia antes de iniciar o período de silêncio que antecede o Copom, quando perguntado se o preço do dólar afetaria a política monetária, Ilan afirmou que levava em conta em apenas o nível de atividade, a inflação corrente e as expectativas para o IPCA para definir o nível de juros.
Na ata, o BC informou que a comunicação recente de membros do colegiado parecia ter sido interpretada por parte do público como uma indicação de que reduziriam os juros. “Ao final, prevaleceu o entendimento de que focar na melhor decisão possível dado o conjunto de informações disponíveis no momento resulta, ao longo do tempo, em maior credibilidade para a política monetária”, afirmaram os diretores do BC.
Além disso, a ata informou que o colegiado debateu que os agentes econômicos poderiam interpretar que a política monetária teria reagido mecanicamente ao processo de encarecimento do dólar. “Os membros do Comitê entendem que pode haver impactos do choque externo na economia brasileira, mas enfatizaram que é essencial entender que a política monetária não reagirá a esses impactos de forma automática, uma vez que suas implicações para a política monetária dependem da forma como o choque poderá se transmitir às expectativas, às projeções de inflação e ao balanço de riscos”, detalharam.