BC melhora projeções do PIB e sinaliza Selic em 4,5% no fim de 2020

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ROSANA HESSEL

A atividade econômica brasileira “ganhou tração” a partir do terceiro trimestre de 2019, na avaliação do Banco Central, que acompanhou o mercado e revisou para cima as projeções de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e do próximo. Com cenário decrescente de inflação, o BC indicou um corte na taxa de juros básica (Selic), no início do ano que vem, para 4,25%, mas voltando para os atuais 4,50% no fim do ano.

Conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (19/12), a autoridade monetária elevou a estimativa de crescimento do PIB de 0,9% para 1,2%, neste ano. A mudança, considera, principalmente, os estímulos da liberação extraordinária de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS/Pasep no quarto trimestre, que se intensificaram com a antecipação no cronograma de saques. A projeção para o crescimento do PIB em 2020 foi revista de 1,8% para 2,2%. Contudo, a instituição ressaltou que “essa perspectiva está condicionada ao cenário de continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira”.

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, de acordo com o relatório, “avalia que diversas medidas de inflação subjacente encontram-se em níveis confortáveis, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”. As projeções de inflação do Comitê, segundo a nota, situam-se em torno de 4,0%, para 2019; em 3,5%, para 2020; e em 3,4% para 2021, ou seja, decrescentes. “Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2019 em 4,50% ao ano, reduz-se para 4,25%, no início de 2020, encerrando o ano em 4,50%, e se eleva até 6,25% ao ano, em 2021”, informou o documento, que considera o dólar terminando em R$ 4,15, neste ano; em R$ 4,10, em 2020; e em R$ 4, em 2021.

Ao justificar o corte de 0,5 ponto percentual Selic, por unanimidade, para 4,5%, o relatório destacou que a decisão do Copom no início do mês “entende que essa decisão reflete seu cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2020 e, em grau menor, o de 2021”.  O documento reforçou a questão de cautela do Comitê para a condução da política monetária diante do cenário econômico. “O Comitê enfatiza que seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”, destacou o relatório.

Conforme o documento, no cenário externo, “a provisão de estímulos monetários nas principais economias, em contexto de inflação abaixo das metas, têm sido capaz de produzir ambiente relativamente favorável para economias emergentes. O documento lembrou que a queda no diferencial de juros tem contribuído para manter certa apreciação do dólar frente a uma cesta de moedas de economias emergentes. “Nas últimas semanas, eventos idiossincráticos e o aumento da incerteza no ambiente de negócios têm causado maior volatilidade nos mercados de câmbio, particularmente na América Latina. Apesar desse contexto específico local, as condições financeiras globais mais frouxas revelam um ambiente externo relativamente mais favorável para as economias emergentes desde o Relatório de setembro”, informou o BC.

Os dados do relatório indicam que o balanço de pagamentos das trocas comerciais e financeiras do Brasil com o mundo apresentou piora em 2019, com aumento de 28,5% no deficit em conta-corrente acumulado de janeiro a novembro, passando de R$ 35,4 bilhões, em 2018, para R$ 45,5 bilhões, neste ano.

Vicente Nunes