Não é à toa que o governo está partindo para cima dos cartões de crédito. Apesar de todos os apelos para que os bancos e as administradoras segurassem as taxas de juros, consideradas abusivas, os encargos médios cobrados dos consumidores continuaram subindo e atingiram, em novembro, segundo o Banco Central, novo recorde: 482,1% ao ano, alta 6,3 pontos percentuais ante o mês anterior.
A meta do governo é limitar a 30 dias as operações no crédito rotativo, no qual os clientes podem pagar um valor mínimo da fatura. A partir daí, os bancos e as administradoras terão que oferecer uma linha alternativa de financiamento a juros bem mais baixos. A expectativa do presidente Michel Temer é de que as taxas dessa linha caiam à metade. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse acreditar que os juros mais baixos já serão vistos a partir de março de 2017.
A nova linha de crédito nos cartões deverá oferecer pagamento das dívidas em até 24 parcelas. Tudo, no entanto, será definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) na reunião de janeiro próximo. A ideia do governo é chegar a um consenso com os bancos e as operadoras, de forma que nada seja impositivo. Mas, se necessário, a intervenção ocorrerá diante dos absurdos que se vê no mercado.
Os abusos não se restringem ao cartão de crédito. Também no cheque especial os bancos forçaram a mão e as taxas médias de juros saltaram para 330,7% ao ano. Isso mostra que os bancos estão mais preocupados e aumentar as margens de lucro do que em dar algum tipo de contribuição para a retomada do crédito e do crescimento econômico.
Devido ao excesso de endividamento e das taxas abusivas, consumidores e empresas botaram o pé do freio. Com isso, o nível de endividamento caiu mesmo com a queda na inflação, cravando 56,6% do Produto Interno Bruto (PIB), o nível mais baixo desde maio de 2012
Brasília, 10h45min