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Banco Central Foto: Breno Fortes/CB/D.A Press Banco Central

Banco Central revisa de 6,4% para 5% previsão de queda do PIB de 2020

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL E MARINA BARBOSA

 

O Banco Central (BC) revisou a previsão de retração do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 6,4% para 5%, conforme Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira (24/09). Por outro lado, elevou a projeção para a inflação deste ano, devido à recente escalada de preços dos alimentos.

 

A nova perspectiva do BC para o PIB brasileiro está em linha com a mediana das estimativas do mercado, que prevê queda de 5,05%, mas é um pouco menos otimista que a do Ministério da Economia, que mantém a estimativa de recuo de 4,7% neste ano.  

 

O BC melhorou a projeção para o crescimento da economia brasileira neste ano explicando que, apesar do recuo histórico de 9,7% do PIB do segundo trimestre deste ano, as perspectivas são mais favoráveis para este terceiro trimestre. O otimismo vem em linha com os indicadores domésticos disponíveis, as informações mais recentes sobre a pandemia e a evolução esperada da economia internacional.

 

“No contexto doméstico, indicadores recentes da atividade econômica sugerem uma recuperação parcial, com padrão similar à que ocorre em outras economias, onde os setores mais diretamente afetados pelo distanciamento social permanecem deprimidos”, explicou o BC. Para a autoridade monetária, essa retomada é um reflexo das ações tomadas pelo governo brasileiro no enfrentamento à crise da covid-19, em especial do auxílio emergencial, que ajudou a recompor a renda dos mais vulneráveis e a manter no consumo essencial na pandemia. 

 

Inflação

 

Já para a inflação o Banco Central revisou as projeções para cima. A perspectiva para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2020 subiu de 1,9% ao ano, no relatório de junho, para 2,1% anuais, no relatório de setembro. Apresar da mudança, a nova projeção continua abaixo do piso da meta, de 2,5% ao ano.

 

A meta de inflação para este ano determinada pelo Conselho Monetário Nacional é de alta 4% no acumulado em 12 meses. A nova projeção do BC para o indicador de preços está levemente acima da mediana das estimativa do boletim Focus desta semana, de 1,99%. 

 

O BC explicou que “no curto prazo, a inflação ao consumidor deve se elevar, influenciada pelos movimentos recentes de alta temporária nos preços dos alimentos e pela normalização parcial do preço de alguns serviços em um contexto de recuperação dos índices de mobilidade e do nível de atividade”.

 

Para 2021, a perspectiva é de uma inflação de 3% e a previsão de crescimento do PIB é de 3,9%, acima da mediana das estimativas do mercado, de 3,5%. O BC ainda está mais otimista que o Ministério da Economia em relação à retomada no ano que vem, pois o órgão chefiado pelo ministro Paulo Guedes espera avanço menor no PIB, de 3,2%.

 

No relatório, o BC admitiu que “a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia permanece acima da usual, sobretudo, para o período a partir do fim deste ano, concomitantemente ao esperado arrefecimento dos efeitos dos auxílios emergenciais”. Por isso, lembrou que, na avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom), “perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia”.

 

O RTI também reforçou o recado da última ata do Copom de que a taxa básica de juros deve ser mantida no atual patamar de 2% ao ano por um tempo. Afinal, embora “a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado”, “o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno” devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira. “Eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal, assim como de novas informações que alterem a atual avaliação do Copom sobre a inflação prospectiva”, frisou.

 

De acordo com o documento, o BC destacou que vê adoção de trajetória de câmbio variando segundo a teoria da paridade do poder de compra, em substituição ao cenário de câmbio constante, constitui-se um aprimoramento no processo de elaboração das projeções de inflação do BCB. “O novo procedimento traz maior consistência entre os condicionantes utilizados, aumenta a coerência entre as projeções e as condições teóricas de longo prazo empregadas na modelagem e evita uma potencial subestimação das projeções de inflação para horizontes mais longos”.

 

O detalhamento do relatório será feito pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mais tarde, durante apresentação à imprensa.