Banco Central regista aumento de 10,2% nos empréstimos à pessoa física

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ROSANA HESSEL

As concessões totais de crédito junto ao Sistema Financeiro Nacional (SFN) cresceram 4,8% em abril, somando R$ 378,9 bilhões, na série com ajuste sazonal, puxado pelo crescimento de 10,2% nos empréstimos às pessoas físicas, conforme dados do Banco Central divulgados nesta sexta-feira (28/05) na nota mensal de estatísticas monetárias e de crédito.

Em termos nominais, o volume das concessões às pessoas físicas ficou estável em relação a março, em R$ 201 bilhões. Já variação do crédito para pessoa jurídica ficou negativa em 0,3%, na mesma base de comparação.

Em 2021, comparado ao mesmo período de 2020, as concessões dessazonalizadas das instituições financeiras privadas e públicas cresceram 6,2%, compostas por contração de 1,2% nos empréstimos para pessoas jurídicas e de expansão de 13,9% nos empréstimos para pessoas físicas, de acordo com os dados do BC. Em março, o volume combinado das concessões do SFN somou R$ 406,8 bilhões.

O saldo das operações de crédito junto ao SFN cresceu 0,5% no mês de abril, em termos nominais, somando R$ 4,1 trilhões. A autoridade monetária informou que houve estabilidade na carteira de pessoas jurídicas, mantendo-se em R$ 1,8 trilhão, e expansão de 1% na de pessoas físicas, para R$ 2,5 trilhões, “o equivalente a um terço (33%) do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha.

O técnico destacou que, no acumulado em 12 meses, o crescimento da carteira total passou de 14,5%, em março, para 15,1%, em abril. “Isso é uma aceleração, mas está abaixo do valor de fevereiro, de 16%”, destacou. Segundo os dados do BC, a carteira dos empréstimos das pessoas físicas, que manteve aceleração, passando de 12,2% para 14,3%, enquanto a de pessoa jurídica permaneceu em trajetória de desaceleração, de 17,6% para 16,1%.

O volume de crédito livre para pessoas jurídicas, ou seja, junto aos bancos privados, cresceu 0,3% no mês e 13,4% em 12 meses, para R$ 1,1 trilhão. As modalidades de maior destaque foram adiantamentos sobre contratos de câmbio e antecipação de faturas de cartão. O crédito livre a pessoas físicas totalizou R$ 1,3 trilhão (0,9% no mês e 14,7% em doze meses), com as maiores variações nas modalidades de crédito consignado, tanto para setor público quanto para aposentados e pensionistas.

No crédito direcionado, ou seja, junto aos bancos públicos, a carteira de pessoas jurídicas encolheu 0,6% no mês, devido à retração dos empréstimos, principalmente, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para R$ 679 bilhões. Em 12 meses, a carteira cresceu 20,9%, influenciada pelo aumento de outras operações com recursos direcionados que englobam os programas emergenciais de crédito em 2020.

Já o saldo dos empréstimos junto aos bancos públicos com pessoas físicas, principalmente, financiamento imobiliário e crédito rural, cresceu 1%, no mês, e 13,9%, no ano, para R$ 1 trilhão.

Indicador de custo

O Indicador de Custo do Crédito (ICC), que mede o custo médio de todo o crédito do SFN, aumentou 0,1 ponto percentual em abril,  na comparação com o mês anterior, para 17,2% ao ano. Em relação ao mesmo período de 2020, houve queda de 2,5 ponto percentual, de acordo com os dados do BC.

No crédito livre não rotativo, o ICC permaneceu estável no mês, 22,6% ao ano e o spread geral do ICC aumentou 0,1 ponto percentual em relação a março, para 12,2 pontos percentual.

A taxa média de juros das operações contratadas em abril aumentou 0,3 ponto percentual, para 20,3% ao ano, mas redução de 1,2 ponto percentual na comparação em 12 meses. O spread (indicador que inclui margem de lucro e despesas operacionais dos bancos) geral das taxas das concessões situou-se em 15 pontos percentuais, com declínios de 0,1 ponto percentual e de 2,2 pontos percentuais, nos mesmos períodos.

No crédito livre, a taxa média de juros das concessões subiu 0,5 ponto percentual no mês, para 29% ao ano. Na comparação anual, houve queda de 2,3 pontos percentuais. No crédito livre às famílias, os juros atingiram 41% ao ano, com alta de 0,1 ponto em abril. Na comparação interanual, a taxa do crédito livre às famílias apresentou redução de 3,7 pontos percentuais.

A inadimplência média subiu 0,1 ponto percentual, para 2,2%, puxada pelo segmento de pessoas jurídicas. Nas operações com recursos livres, a inadimplência permaneceu estável em 2,9%, enquanto nas com recursos direcionados, situou-se em 1,2%.

Base monetária

A base monetária, que representa o volume de dinheiro em circulação, registrou aumento de 3,6% no mês e de 24,8% em 12 meses, para R$ 420,1 bilhões em abril, aumento de 3,6% no mês e de 24,8% em doze meses. No mês, volume de papel-moeda emitido encolheu 0,9% e as reservas bancárias aumentaram 28,3%.

Entre os fluxos mensais dos fatores condicionantes da base monetária, atuaram de forma contracionista as operações do Tesouro Nacional (R$ 5,4 bilhões), as com derivativos (R$ 30,4 bilhões), as da Linha Temporária Especial de Liquidez (R$ 6,7 bilhões) e os depósitos de instituições financeiras (R$0,9 bilhão, com destaque para recolhimentos de recursos de depósitos a prazo, R$ 0,6 bilhão, e de recursos de depósitos de poupança, R$1,1 bilhão). Foram expansionistas as operações com títulos públicos, R$ 51,2 bilhões (resgates líquidos de R$ 161,4 bilhões no mercado primário e vendas líquidas de R$110,2 bilhões no mercado secundário), e as do setor externo, R$9,4 bilhões, conforme o comunicado do BC.

Vicente Nunes