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Banco Central Foto: Breno Fortes/CB/D.A Press Banco Central

Banco Central eleva projeção de alta do PIB de 3,6% para 4,6%

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

O Banco Central eleva de 3,6% para 4,6% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2021, conforme dados do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira (24/06). A nova projeção está mais conservadora do que a do mercado, cuja mediana das estimativas do boletim Focus, coletadas pelo BC, prevê alta de 5% no PIB deste ano.

 

Apesar da melhora nas projeções em relação ao Relatório de Inflação de março devido à melhora dos indicadores da economia interna, a autoridade monetária não descarta incertezas sobre o ritmo de crescimento ao longo do ano e destaca alguns riscos: o de surgimento ou disseminação de novas variantes de preocupação do SARS-CoV-2; a dificuldade para obtenção de insumos e os custos elevados em algumas cadeias produtivas; e eventuais implicações da crise hídrica. O BC ainda retira a necessidade de ajustes na economia no processo de reformas como “essencial para permitir a recuperação sustentável da economia”.

 

No relatório, o BC prevê um carregamento estatístico de 4,9% no carregamento estatístico do primeiro trimestre de 2021 para o crescimento anual deste ano. Nas novas projeções do lado da demanda, o BC melhorou as previsões de crescimento da indústria, da produção agrícola e dos serviços. Com relação aos componentes domésticos da demanda agregada, o BC elevou de 3,5% para 4% a previsão do consumo das famílias e de 5,1% para 8,1%, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), repercutindo elevação do carregamento estatístico após os resultados do primeiro trimestre. Contudo, reduziu a projeção para o crescimento do consumo
do governo de 1,2% para a 0,4%.

 

 

Surpresas com inflação

 

O BC ainda reforçou a surpresa com a inflação neste ano, que ficou acima do cenário básico projetado no Relatório de Inflação anterior e acima das previsões dos analistas de mercado, que se encontram acima do centro da meta, tanto para 2021 quanto para 2022. Segundo o relatório, partindo de uma projeção para a taxa de câmbio de R$ 5,05, as novas estimativas de inflação do Comitê de Política Monetária (Copom) situam-se com inflação em torno de 5,8%, neste ano, e de 3,5%, no ano que vem, e de 3,3%, em 2023.  “Esse cenário supõe trajetória de juros (taxa Selic) que se eleva para 6,25% ao ano, em 2021, e para 6,50%, em 2022”, informou o documento que reconheceu em 74% as chances para o estouro do teto da meta deste ano, de 5,25%.

 

No Relatório de Inflação anterior, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, era de 5% no fim deste ano. As novas projeções do BC para o IPCA deste ano continuam mais conservadoras do que a do mercado, mas o BC já aponta projeção acima da meta também em 2023. Pelas estimativas do mercado, a mediana das previsões da inflação para o fim deste ano está em 5,90% e, para a Selic, em 6,5%, passando para 3,78% e 3,25% nos anos seguintes.  As metas de inflação são de 3,75%, neste ano, de 3,50%, em 2022, e de 3,25%, em 2023.

 

Nesse contexto, o BC admitiu no documento um risco de elevação da inflação projetada em função da crise hídrica, que entrou no radar do governo em função da estiagem que está reduzindo os reservatórios para os menores níveis da história. “. Destaca-se ainda como risco altista possível elevação do custo da energia elétrica maior do que a considerada em função da situação hídrica”, escreveu.

 

Assim como nos comunicados da última reunião do Copom, o BC destacou que o cenário básico envolve fatores de riscos em “ambas as direções” para a inflação que podem piorar a trajetória fiscal, como novos prolongamentos de políticas fiscais, embora a melhora recente nos indicadores de sustentabilidade da dívida pública bruta. “O risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”, alertou.

 

Melhora no mercado de crédito

 

Apesar de o endividamento das famílias estar aumentando e bater recordes no início do ano, o Banco Central elevou de 8% para 11,1% a projeção de crescimento do saldo das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN), impulsionado pelos empréstimos às empresas.  “O aumento decorre da mencionada surpresa referente à evolução do saldo nos últimos três meses e da reavaliação na trajetória esperada para o crédito, em contexto de maior atividade econômica, reedição do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), desta vez como linha de crédito permanente, e novas medidas de postergação de pagamentos”, justificou o documento.

 

Conforme os dados do RTI, nos financiamentos às empresas com recursos livres, a projeção passou de 10,0% para 13,0%, considerando o maior crescimento econômico e perspectivas favoráveis para o setor exportador. No relatório, a autoridade monetária justifica que, em relação ao crédito direcionado para as empresas, a projeção passou a contemplar novo aporte ao Fundo de Garantia de Operações (FGO), responsável por oferecer garantias às operações do Pronampe, assim como medidas pontuais de
prorrogação de pagamentos. “Com isso, espera-se que o saldo de crédito registre estabilidade nesse segmento, em comparação à projeção de queda de 7,0% no relatório anterior”, adicionou.

 

Nos empréstimos à pessoa física com recursos livres, a previsão de crescimento passou de 12% para 14%. E, para os recursos direcionados, subiu de 11% para 13%.

 

O BC manteve as projeções para o superavit da balança comercial e do fluxo de entrada de Investimento Direto no País (IDP) em US$ 70  bilhões e US$ 60 bilhões, respectivamente. Já a previsão para o saldo positivo de transações correntes passou de US$ 2 bilhões para US$ 3 bilhões.