Há uma semana, o Blog havia alertado para a possibilidade de uma ação radical do Fed, que também anunciou a liberação de US$ 700 bilhões para socorrer bancos e empresas em dificuldades. O maior temor do BC norte-americano é que a maior economia do mundo mergulhe na recessão por causa dos efeitos do novo coronavírus.
O Fed já vinha alertando para os riscos de a Covid-19 arrasar a economia mundial. Tanto que, há duas semanas, cortou, também de forma inesperada, os juros básicos em 0,5 ponto. Mesmo assim, o nível de atividade continuou perdendo força e as bolsas de valores derreteram.
Não por acaso, o banco Goldman Sachs revisou suas projeções para a economia norte-americana neste ano. Agora, está prevendo variação zero para o Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre e queda de 0,5% no segundo. Para o ano fechado, a estimativa é de avanço de apenas 0,4% ante crescimento de 1,2%.
Ação coordenada
A reunião oficial do Fed estava marcada para esta quarta-feira 18/03), quando se esperava um forte corte nos juros, mas o avanço do coronavírus nos Estados Unidos e nos principais países da Europa exigiu um movimento extraordinário. O Fed prevê uma crise tão brutal ou até maior do que a de 2008, quando o estouro da bolha imobiliária nos EUA deixou um rastro de prejuízos mundo afora.
No comunicado ao mercado, o Federal Reserve ressaltou que o corte extraordinário de 150 pontos nos juros básicos dos Estados Unidos tem por objetivo “dar suporte à atividade econômica, garantir fortes condições no mercado de trabalho e permitir que a inflação se situe próximo da meta, de 2% ao ano”.
O movimento do Fed faz parte de uma ação coordenada dos principais bancos centrais do mundo, que tentam evitar o colapso econômico provocado pelo coronavírus. Além do BC dos EUA, estão na lista o Banco Central Europeu e os BCs do Reino Unido, da Suíça, do Japão e do Canadá. O BC da Nova Zelândia também cortou juros neste domingo, de 1% para 0,25% ao ano.
Espera-se que o Banco Central do Brasil se engaje nesse movimento. A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcada para terça e quarta-feiras 17 e 18/03). A taxa básica de juros está em 4,25% ao ano, mas há uma divisão no mercado. Parte defende redução na Selic. Outra, pede manutenção para conter a valorização do dólar.
Brasília, 18h35min