presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e o ministro da Economia, Paulo Guedes Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Banco Central cortará juros. Resta saber se 0,25 ou 0,50 ponto

Publicado em Economia

O Banco Central praticamente rasgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual havia indicado o fim do processo de corte da taxa básica de juros (Selic), que está em 4,25% ao ano, o nível mais baixo da história, e poderá fazer nova redução no custo do dinheiro.

 

Em comunicado nesta terça-feira (03/03), a autoridade monetária informou que as próximas duas semanas serão decisivas para a condução da política monetária, por causa dos efeitos do coronavírus na economia global e, em particular, na brasileira.

 

A pergunta que todos os analistas estão se fazendo é até onde o BC está disposto a ir: reduzirá a Selic em 0,25 ponto percentual, para 4%, ou baixará 0,50 ponto, para 3,75%. Em meio às apostas, o importante, segundo os especialistas, é saber que a autoridade monetária está disposta a agir para evitar que o país mergulhe em nova recessão.

 

Efeito Fed

 

Ao soltar o comunicado ao mercado, o BC indicou que poderá seguir o que fez o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, que cortou os juros em 0,5 ponto em uma reunião extraordinária. O Fed voltará a se reunir em 18 de abril, no mesmo dia em que o Copom baterá o martelo em relação à Selic.

 

É possível que o Fed promova mais uma redução dos juros nos Estados Unidos e o Copom, da Selic. “Quando a casa esta pegando fogo, a janela surge como uma opção de fuga. E o BC brasileiro abriu todas as janelas para baixar a Selic”, explica um integrante do mercado, que prevê a Selic em 3,50% ao ano, porque a inflação está no chão.

 

Desde o início do 2020, a economia brasileira vem perdendo força. Com a chegada do coronavírus, o quadro se agravou, sobretudo porque o mundo entrou em parafuso e a segunda economia do planeta, a China, está praticamente parada. As projeções de crescimento para o Brasil, que começaram entre 2,5% e 3%, caminham, agora, para 1,5% e 1%.

 

Veja a íntegra do comunicado do Banco Central:

 

“O Banco Central monitora atentamente os impactos do surto de coronavírus nas condições financeiras e na economia brasileira. No último Copom, o 15º parágrafo da Ata da 228ª reunião afirma: “O eventual prolongamento ou intensificação do surto implicaria uma desaceleração adicional do crescimento global, com impactos sobre os preços das commodities e de importantes ativos financeiros. O Copom concluiu que a consequência desses efeitos para a condução da política monetária dependerá da magnitude relativa da desaceleração da economia global versus a reação dos ativos financeiros.” À luz dos eventos recentes, o impacto sobre a economia brasileira proveniente da desaceleração global tende a dominar uma eventual deterioração nos preços de ativos financeiros. O Banco Central enfatiza que as próximas duas semanas permitirão uma avaliação mais precisa dos efeitos do surto de coronavirus na trajetória prospectiva de inflação no horizonte relevante de política monetária.”

 

Brasília, 18h28min