GuedesCCJ Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Até quando Paulo Guedes vai se sustentar no cargo? Ele não entregou nada do que prometeu

Publicado em Economia

O ministro da Economia, Paulo Guedes, tomou posse prometendo o paraíso para o Brasil. Crescimento sustentado superior a 3% ao ano, deficit público zerado no primeiro ano de governo de Jair Bolsonaro, investimentos de mais de R$ 300 bilhões depois da aprovação da reforma da Previdência.

 

Um ano e quase três meses depois, o que se vê é uma coleção de fracassos e promessas não cumpridas. O Produto Interno Bruto (PIB) de 2019 cresceu minguado 1,1%, a menor taxa desde a recessão provocada por Dilma Rousseff. O país registrará em 2020 o sétimo ano de rombo nas contas públicas e os tão esperados investimentos não chegaram.

 

Guedes continua prometendo mundos e fundos. Mas a sua lábia já não convence tanto quanto antes. No setor privado, o ministro é visto mais como um criador de casos, sobretudo por suas declarações preconceituosas, do que como um bom executor. No governo, o mínimo que se diz é que ele foi superestimado.

 

Pressão

 

Há, no entorno de Bolsonaro, uma pressão crescente para a necessidade de o Brasil crescer mais rapidamente, mas se reconhece que não será com Guedes que isso acontecerá. Para a ala política do Palácio do Planalto, uma economia forte é vital para que os candidatos vinculados ao governo tenham bom desempenho nas eleições municipais neste ano.

 

As disputas de outubro são vistas como um importante teste para medir a força do presidente rumo à reeleição em 2022. Também é importante para afastar qualquer risco de o debate por impeachment recrudescer. Os que dizem isso lembram o caso de Dilma Rousseff: ela só caiu porque afundou a economia.

 

Não custa lembrar que Paulo Guedes esperou cerca de 30 anos para chegar ao posto de ministro da Economia. Desde a redemocratização do país, ele se posicionava para fazer parte de equipes econômicas, mas nunca conseguiu ser chamado para nada.

 

Agora que está no poder, ainda acreditando que é um superministro, virou sinônimo de frustração. Recentemente, Bolsonaro, no nada, citou em um discurso que espera que o ministro da Economia vá com ele até o final do governo. Soou mal e estimulou especulações na Esplanada e no Congresso. Um ministro forte não precisa desse tipo de afago.

 

O que todos começam a se perguntar é até quando Paulo Guedes vai se sustentar no cargo se não entregar, na velocidade esperada, o que prometeu? As apostas já começaram. E o ministro está ciente de que seu discurso já perdeu a força há muito tempo.

 

Brasília, 12h57min