ROSANA HESSEL
Assim como no comunicado da decisão da reunião do Comitê de Política de Política Monetária (Copom) da semana passada, o Banco Central não trouxe novidades no texto da ata sobre o encontro realizado nos dias 30 e 31 de janeiro, , divulgada nesta terça-feira (6/2). Contudo, o documento mostrou maior preocupação com o cenário externo e descartou a aceleração no ritmo de cortes dos juros.
Ao avaliar o cenário internacional, a ata apontou uma maior volatilidade recente e alertou para incertezas à frente no ambiente internacional. “O Comitê manteve a avaliação de que é apropriado adotar uma postura de cautela, principalmente em países emergentes. Além disso, o Comitê continuará acompanhando os diversos dados da economia global e seus respectivos canais de transmissão para a economia doméstica”, destacou o texto.
Na primeira reunião de 2024, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa básica da economia (Selic) em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano. Foi a quinta queda consecutiva dos juros no novo ciclo de flexibilização monetária iniciado em agosto e o colegiado sinalizou que manterá o ritmo de corte nas próximas reuniões uma vez que as previsões de inflação, embora mostrem desaceleração, ainda continuam acima do centro da meta para este ano, de 3%.
Os membros do Copom informaram que “esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário” e descartaram a necessidade de acelerar o ritmo de corte da Selic. “O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto (ociosidade) e do balanço de riscos”, acrescentou o documento.
Reforço da atenção com a questão fiscal
A ata do Copom, de seis páginas, contém o mesmo número de parágrafos e cita novamente oito vezes a palavra risco. E, com relação ao cenário fiscal, o Copom reforçou a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação. E, consequentemente, “para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”.
“O Comitê avalia que a redução das expectativas requer uma atuação firme da autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação tanto das instituições como dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira”, acrescentou.
De acordo com o documento, houve um progresso relevante no processo de desinflação, mas em linha com o antecipado pelo Comitê, que fez alerta sobre as pressões seguidas do aumento da massa salarial. Contudo, o colegiado ressaltou que “ainda há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas e o retorno da inflação à meta, o que exige serenidade e moderação na condução da política monetária”.