As ameaças ao mercado internacional

Publicado em Economia

HAMILTON FERRARI

As políticas nacionalistas protecionistas, como as do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que se contrapõem ao multilateralismo comercial, são uma grande preocupação para o sistema comercial mundial. É o que diz o presidente da Dubai Chamber (câmara de comércio do emirado), Hamad Buamim, que também é chairman da Federação Mundial das Câmaras (ICC-WCF).

 

Para Buamim, o globalismo cresceu muito nas últimas décadas, beneficiando amplamente o comércio mundial. Ele acredita que políticas unilaterais, com o desprezo aos acordos multilaterais e o foco no protecionismo, implicam em maiores taxas e menos negócios para o comércio, com impacto direto no desenvolvimento econômico das nações.

 

Outras preocupações de Buamim, compartilhada por lideres do 11º Congresso Mundial das Câmaras de Comércio, que acontece no Rio de Janeiro, são o impacto das mudanças climáticas sobre os negócios entre os países e a importância das pequenas e médias empresas na economia mundial, além, é claro, das ameaças das políticas nacionalistas.

 

“O aquecimento global, com o derretimento das geleiras polares, deve provocar mudança no nível dos mares e ameaçar os portos, que são fundamentais na infraestrutura de transporte de produtos. A agricultura corre risco em vários países, com o aumento das secas e a escassez de água”, diz Buamim. Ele acrescenta: “A pesca também está ameaçada, devido à destruição da biodiversidade marinha. A situação é preocupante e requer uma ação conjunta de todos os setores de todos os países para conter essa ameaça. Precisamos partir imediatamente para uma economia de baixo carbono”.

 

Dificuldades

 

Quando à falta de políticas nacionais e internacionais de valorização das micro, pequenas e médias empresas, o presidente da Dubai Chamber ressalta: “Essas empresas têm muitas dificuldades de participar do comércio internacional, e quanto menor a empresa, mais difícil é para ela. E muitas delas estão atuando ativamente na nova revolução digital, são inovadoras e disruptivas”.

 

Buamim resssalta que, hoje, as MPMEs já representam 95% das empresas e respondem por 60% dos empregos. “E grande parte é gerida por mulheres empresárias, o que reforça a necessidade de políticas inclusivas para esse setor. Precisamos de iniciativas globais integradas para facilitar o acesso das MPMEs às oportunidades do comércio internacional”.

 

Buamim, um dos principais executivos de Dubai, acrescenta que a ICC-WCF está apoiando a iniciativa da Organização Mundial do Comércio (OMC) para simplificar e baratear o acesso dessas empresas aos negócios com países de todo o mundo. A Dubai Chamber é um órgão semigovernamental, que reúne 231 mil membros e 10 escritórios internacionais, um deles, em São Paulo, desde 2017.