Artigo: Munique já teve guerra diferente

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Por LUIZ RECENA GRASSI, de Portugal

Seis mil civis. De Bakhmut, cidade-região que, integrada por vilas menores, já teve mais de cem mil almas, segundo especialistas do início da guerra. O governo ucraniano determinou a evacuação de toda essa gente, uma autêntica retirada. Sinal claro de que nem tudo vai bem, ou tão bem assim nas hostes sob o comando das tropas de Kiev. E os alemães se lambuzam com a volta aos conflitos, depois de 70 anos proibidos de dar tiros a causa das decisões da última guerra. Mas a estrela desses dias carnavalescos faz parte da reunião de ministros de Defesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia. Com o apoio de sempre, é claro, dos Estados Unidos da América.

A primeira notícia é de mau agouro. Traz as músicas de tristeza como pano de fundo de mais dificuldades para os ucranianos. A segunda avisa que haverá reações por parte de Kiev. Ursula von der Leyen, Jens Soltemberg e outros líderes de países como Finlândia, Suécia, Alemanha, França, Polônia e representantes de outras nações metidas na guerra que vai completar um ano de conflitos, bombardeios e tiroteios. O grupo fez observações. Produzir tudo o que for possível em matéria de armas. E, principalmente, entregar o material ao consumidor da guerra do conflito.

Recuperar o possível em armas e equipamentos. Reforçar as possibilidades de aquisição de armas, recuperação de sucata e de mísseis, carros de combate. Com alguma possibilidade remota, obter, também, caças e outras aeronaves de segunda ou terceira mãos, mas que ainda funcionem. E ainda mais uma manobra de Volodimir Zelenski.

A Ucrânia pretende mais dois jogos: o primeiro é a unanimidade dos aliados contra Vladimir Putin. Ele anda cansado de apanhar; e o segundo, a decisão dos Estados Unidos de condenar a Rússia. Putin e o Kremlin passam a inimigo de guerra, acusados de inimigos da humanidade. Por último, com a escora e o esteio reforçado dos Estados Unidos e da Otan, fazer tudo o que for possível na defesa da Ucrânia e nos jogos de guerra contra a Rússia e Putin. E, na maleta de Kiev e Zelenski, o pedido de mais um dinheirinho. Algo em torno dos 5,2 bilhões de euros.

Na outra ponta Putin e seus aliados, com dinheiro suficiente, entram também no mercado. Só o grupo Wagner perde algo em homens e armas. Pouco, se comparado com o exército de Putin. Do contrário, há grupos a ganhar muito. Com a compra e venda de armas. Tudo para garantir a paz.

O CORREIO SABE PORQUE VIU

Estava lá. Houve um tempo em Moscou da Perestroika que os soviéticos tudo faziam para obter dólares americanos, subir o câmbio. Liberado, o dólar começou a mostrar sua força e a subir “em flexa” no mercado paralelo. Mikhal Gorbatchov incentivou esse mercado e começou a correria atrás de moeda. Alguns casos bem engraçados, meio hilários até. Envolvendo etnias soviéticas e estrangeiras. Era possível comprar tudo em moeda forte, ou guardar dinheiro em casa, fazendo estoque com quaisquer outras moedas robustas. Houve vários casos de sucesso.

Eventuais divergências de comportamento, entre eles, de longe, o principal jogo de espionagem foi o do argentino, diplomata. Com variado jargão para ir ao mercado tratou de inventar novas situações de linguagem. Preto, pode três (o máximo de dinheiro na época dura), novas carnes e assim por diante, até chegarmos aos legumes da invenção insuperável dos argentinos. O código eram frutas e legumes. E num certo dia veio um insubstituivel caso portenho, a legítima leveza do tango. Falando em código, disparou: “che brasileiro”, me consigue unas alfaces, umas verdinhas… Tudo para esconder la plata mais valiosa da cidade. Uma manobra perfeita de mistério correntino, digna de Palermo ou la Boca.

Vicente Nunes