Por LUIZ RECENA GRASSI, de Portugal
Primavera e Verão podem ser quentes. Na Europa, rica ou pobre, na Rússia ou Ucrânia. Ricos ou pobres não importa muito. O que muda o perfil do jogador é o tamanho do envolvimento de cada um e se ele faz parte mesmo da União Europeia. Isso altera o comportamento de cada um, o dinheiro que vai ou não receber, o grau de fidelidade dos mais pobres com os mais ricos e de todos com os Estados Unidos, o chefe da operação.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é braço armado. A Ucrânia opera o conflito pelo lado dos EUA e da UE. A Rússia é o outro polo. Diferente, pois, com menos players e alguns mais fortes pela independência bélica e de verbas. Outros não são aliados fidelizados, só tendem a apoios pontuais segundo necessidades do momento. Aqui entram, inclusive, países distantes e de outras regiões. Os apoios práticos, nesses casos, são discretos, às vezes próximos ao segredo.
Definitivamente, a Guerra Fria voltou e a terceira guerra, pouco provável, já seria uma possibilidade concreta. Ao menos no baralho de riscos e crises. A Guerra Fria volta com ajuda de elementos discretos e bastante conhecidos. No lado mais numeroso e fiel, novidades: a Alemanha entrega aviões quase novos, fabricação russa; outros vendem e começam a entregar mísseis Patriot, pequena parte do que precisaria a Ucrânia e não se sabe quem e como irão operar. Balas, projéteis fabricados por antigos países soviéticos. Pode ser pouco: um milhão de unidades a um bilhão de euros, com possível entrega até o verão.
Os de Kiev dizem que tudo está cada vez mais pronto para a contra-ofensiva, mesmo sem prazos. A Otan ameaça com força bélica, mas não diz como esse apoio será feito. Fato inusitado esta semana: aliados e apoiantes em desacordo sobre a divisão dos produtos (e da verba). A França quer a maior parte e os outros batem nela. Dias antes, outro revés: um recado claro dos EUA para a Ucrânia, de só ajudar na defesa antiaérea terrestre. Aviões não vão.
Na outra banda tocam os neutros como a China, Índia, países árabes, drones com turbante, menos neutros. Drones de sangue para saldar velhas contas com os Estados Unidos nessa guerra antiga. Os Brics, o Japão e as Coreias. Na América do Sul e no Caribe, Venezuela, Cuba, Nicarágua. Há mais e continuam os detalhes: a Rússia atirou no próprio pé, autobombardeou-se. Não é novidade: só as poucas vítimas e a ironia internacional.
No lado europeu, a pobre Ucrânia, EUA e Otan, avisam que vão derrotar os russos de qualquer forma, mesmo com a solução do problema dos cereais, que envolve Ucrânia, Rússia, Turquia, Polônia e Bulgária. Moscou responde e analistas pró-Kremlin são diretos: a Ucrânia não quer paz e nem há condição de contra-ofensiva no verão. Haja dinheiro! Mas isso, dos dois lados, há bastante.
O CORREIO SABE PORQUE VIU
Estava lá. Grosseiros. A maioria dos estrangeiros que opera no mercado exterior sabe: o pessoal médico não prima pela boa educação. Espanha, Itália, França e outros. À parte, as exceções. Bons serviços, maus tratos. Certa vez, em Moscou, Madame, a diplomática, quebrou o braço. Em dois lugares. No hospital, velho e ainda bom; a enfermeira, ainda boa, mas meio idosa, disse vai ter que dormir na clínica. A resposta do grupo foi um sonoro não! Tinha um terceiro, colega de Madame, cracaço em idiomas. Gastou o que pode para iludir a enfermeira. Difícil. A senhorinha subia a voz para vencer no grito.
Em dado momento, elevou o tom dizendo ter sido enfermeira na Segunda Guerra. O parceiro de Madame, que falava quase nada, sabia irritar-se, ao rebatizar a enfermeira, mandou ver: ”Ó dona Maria, o governo, o UPDK, órgão central de serviços, está a trabalhar”. Bateu na mesa com mão aberta e voz alta. Detonou: “Ela aqui não fica! Sustos, dificuldades e… Madame não ficou. Um dia depois, consulta em Paris e mais uma já no Rio, Clínica alvinegra do dr. Touguinhó. A estrela solitária nos conduz.