Boa parte do governo está atônita com o comportamento do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. A impressão, dizem ministros e assessores diretos do presidente Michel Temer, é de que Ilan está presidindo o BC da Suécia e não o do Brasil, país que está mergulhado na mais grave recessão de sua história
Depois de avaliar a entrevista na qual Ilan anunciou um pacote de intenções para melhorar as condições de crédito no país, gente graúda do governo afirma que, além de frustrar a todos por não divulgar nada de relevante, o presidente do BC mostrou uma arrogância impressionante.
Uma frase dita por Ilan vem sendo citada por integrantes do governo como emblemática para mostrar o quanto ele está “fora da realidade”. “Estive recentemente em uma reunião com presidentes de bancos centrais em Jackson Hole (nos Estados Unidos). Por sinal, vocês (jornalistas) deveriam conhecer. É um lugar lindo”. Todos os ouvintes ficaram atônitos.
Além da arrogância, ministros e assessores de Temer classificam como covardia a demora do BC em acelerar o movimento de queda da taxa básica de juros (Selic), que está em 13,75% ao ano. Acreditam que o conservadorismo de llan provocará uma quebradeira muito maior de empresas do que o país pode suportar.
Técnicos citam o exemplo de coragem do BC da Colômbia, que cortou, para surpresa de todos, a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para 7,5% ao ano. “Algo está fora da ordem no BC brasileiro. A instituição quer tanto levar a inflação para meta que, em 2017, mas corre o risco de errar e ter um índice inferior a 4,5% e com o país ainda em recessão”, diz um técnico.
O mesmo técnico ressalta que o BC está estragando todo o trabalho feito por Temer e pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. “Em pouco mais de três meses, eles aprovaram mudanças no Orçamento de 2016, o Orçamento de 2017, a Desvinculação de Receitas da União (DRU), a PEC do teto dos gastos, mudanças nas regras do pré-sal e a Lei das Telecomunicações, além de encaminhar a reforma da Previdência ao Congresso”, diz. “E o BC? Assiste, impassível, o país afundar na recessão”, emenda.
Brasília, 12h05min