Aposta é de corte de juros de 0,5 ponto percentual a partir de outubro

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Ninguém questiona o tom duro do discurso de Ilan Goldfajn em sua primeira entrevista como presidente do Banco Central. Por mais que ele tenha tentado indicar que a queda da taxa básica de juros (Selic) está mais longe do que muitos imaginam, já se formou um consenso no mercado de que o afrouxo na política monetária começará em outubro e com corte de 0,5 ponto percentual, de 14,25% para 13, 75% ao ano.

Se confirmada essa previsão, a redução dos juros terá, de início, mais efeito psicológico do que prático, devido ao efeito defasado da política monetária. Na média, o recuo da Selic só começa a produzir impacto na atividade econômica entre seis e nove meses. No caso, a partir do primeiro trimestre de 2017.

Para os agentes econômicos, o importante é que o BC dê um sinal de que as coisas estão entrando no prumo. Ou seja, a inflação está convergindo para o centro da meta, ainda que lentamente, e a instituição está apostando que o ajuste fiscal prometido pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, será realidade e não apenas uma promessa. Dessa forma, os empresários se sentirão mais confortáveis para retomar os projetos de investimentos que o país tanto precisa para voltar a crescer.

Por enquanto, a determinação na diretoria do BC é manter o discurso de que, dado o quadro atual da inflação, que vai estourar o teto da meta pelo segundo ano consecutivo, ao cravar 6,9%, continua muito ruim e não avaliza aventuras na condução da política monetária.

Brasília, 14h24min

Vicente Nunes