ROSANA HESSEL
Com a alta de 1,17% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de novembro, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (25/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a prévia do indicador oficial da inflação acumulou salto de 10,73% nos 12 meses encerrados na primeira metade de novembro. O resultado ficou acima da expectativa do mercado, que esperava alta de 10,65% no acumulado em 12 meses.
Os números do IBGE fizeram a consultoria britânica Capital Economics colocar na mesa de apostas para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, em dezembro, uma alta de, pelo menos, 1,75 ponto percentual na taxa básica da economia (Selic). A previsão está em linha com as estimativas do mercado que acham que o BC precisa acelerar mais o ritmo da alta dos juros no controle da inflação, mas acreditam que não haverá muita coragem do Comitê em dar uma paulada mais forte. Especialistas alertam que, se elevar os juros para um patamar muito elevado, o BC ajuda a colocar o país em recessão profunda no ano que vem. Em outubro, o Copom elevou a Selic em 1,5 ponto percentual, ou 150 pontos-base, para 7,75%, e sinalizou outra alta de mesma magnitude para a reunião de dezembro.
A consultoria foi uma das primeiras instituições a prever a recessão do país entre 2015 e 2016 e demonstrou preocupação com o aumento generalizado dos preços no país, principalmente, nos custos dos grupos de transporte e de habitação, apesar do leve recuo da inflação no grupo de alimentos, comparando os dados acumulados. A entidade também citou como fator de preocupação a persistência dos riscos fiscais, que devem obrigar o Banco Central a manter um ritmo mais acelerado de elevação da taxa de juros, apesar da leve desaceleração do IPCA-15 em relação à alta de 1,20% no indicador de outubro.
No comunicado, a entidade destacou que a leitura da inflação brasileira de 10,7% ao ano, em 12 meses até meados de novembro, ficou no mesmo patamar do mês inteiro de outubro, “o primeiro sinal de que a inflação está se estabilizando”. “Mas, como a taxa ainda ainda muito acima da meta e os riscos fiscais persistem, parece mais provável que o Copom eleve a Selic em mais 175 pontos-base, para 9,50% ao ano quando se reunir no próximo mês”, escreveu William Jackson, economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, em comunicado enviado aos clientes.
A meta de inflação para este ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,75%, com teto de 5,25% anuais. Pelas estimativas da Capital, o IPCA de novembro deverá encerrar o mês com variação acumulada de 10,7% a 10,8%.