Ao menos 150 brasileiros ilegais em Portugal foram recrutados para golpes

Publicado em Economia

A estrutura montada em Portugal por criminosos para dar golpes em investidores no Brasil resultou na contratação de pelo menos 150 brasileiros que viviam ilegalmente no país. Eles atuavam, em maioria, em um call center, convencendo incautos a aplicar em Bolsas de Valores, especificamente em operações de day trade (compra e venda no mesmo dia), mas os recursos eram roubados.

 

Os brasileiros aliciados passavam por treinamento todos os dias. Seguiam o modelo do personagem Jordan Belfort, interpretado por Leonardo Di Caprio no filme “O lobo de Wall Street”. Segundo o delegado Erick Sallum, da 9ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, responsável pelas investigações, o call center da organização criminosa estava distribuído por quatro sedes diferentes.

 

“(O grupo) empregava centenas de brasileiros, geralmente imigrantes ilegais, que, sem opção de trabalho, se sujeitavam a participar (dos golpes). A contratação exclusiva de brasileiros decorria, também, da necessidade de pessoas que falassem fluentemente o português do Brasil, uma vez que eles assediavam e buscavam vítimas apenas no país”, explicou o delegado.

 

O aliciamento consistia na distribuição de prêmios aos que conseguissem dar mais golpes, e os responsáveis pelos esquemas fraudulentos, que envolvia criptomoedas, faziam questão de dar demonstrações de riqueza. Oficialmente, 945 pessoas se apresentaram como vítimas dos golpistas, mas o delegado acredita que o número real passa de milhares. Até agora, os prejuízos contabilizados superam R$ 16 milhões.

 

Quatro dos responsáveis pelos golpes — os brasileiros (foto) Alan Cordeiro, 42 anos, Victoria Miranda, 24, e Eduardo Rodrigues, 29, além de uma cidadã portuguesa — foram presos em Lisboa. O chefe do esquema, um cidadão tcheco, foi detido no aeroporto de Frankfurt (Alemanha), quando tentava fugir. Uma sexta pessoa está foragida. Eles são acusados de fraudes eletrônicas, organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Juntas, as penas, se condenados, podem passar de 50 anos.