Análise: O desgaste desnecessário de Dodge

Publicado em Economia

LEONARDO CAVALCANTI

Interlocutores da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, admitem o mal-estar com a visita noturna ao Palácio do Jaburu, mas desconfiam que ela caiu numa armadilha ao concordar em encontrar o presidente Michel Temer às 22h da quarta-feira. A intenção de Dodge, segundo integrantes do Ministério Público, seria apenas confirmar a posse, pois Rodrigo Janot deixa o cargo em 17 de setembro, um domingo — e ela queria assumir o posto ainda na segunda-feira, 18. O problema é que o peemedebista viajará aos Estados Unidos naquele dia, o que deixaria a agenda apertada.

 

Em entrevista ao repórter Renato Souza, deste Correio, a própria Raquel Dodge disse que havia pedido a reunião anteriormente e que o Planalto só confirmou o encontro na noite de ontem, depois de protocolado o pedido de suspeição contra o procurador Rodrigo Janot nos processos envolvendo o presidente. “Essa reunião foi pedida na semana passada. Ela apenas queria saber se poderia dar início às organizações para a posse, se o presidente iria ou mandaria como representante o ministro da Justiça, por exemplo. É claro que ficou surpresa com a reunião marcada aquela hora.”

 

Segundo os interlocutores, o episódio apenas desgasta Dodge, pega de surpresa com a repercussão. E chegam mesmo a duvidar da “desatenção” do Planalto ao chamá-la às pressas para o encontro noturno. “Mesmo sabendo que poderia ser uma armadilha, como não dizer ‘não vou'”?