Crédito: Reprodução/Internet. Linha de transmissão da Eletrobrás. Crédito: Reprodução/Internet

Ações da Eletrobras lideram alta no início do pregão do IBovespa

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

Um dia depois da aprovação pelo Senado Federal da Medida Provisória de privatização da Eletrobras, as ações da estatal lideravam as altas da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) no início do pregão do mercado de ações brasileiro, chegando a disparar 9%, mas deu uma arrefecida logo em seguida na valorização. Enquanto isso, o Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da B3, abriu os negócios no campo negativo, acompanhando os indicadores internacionais, mas apresenta bastante oscilação. 

“Os mercados continuam com o sentimento negativo após as novas novas projeções do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos)”, explicou Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, citando a sinalização do Fomc, comitê de política monetária do Fed, que, após revisar de 2,4% para 3,4% a previsão de inflação nos EUA, sinalizou aumento dos juros em 2023 e informou que vai começar a discutir a revisão do tapering, o enxugando a liquidez do mercado, reduzindo o volume de compras de ativos. “A ideia dos juros subindo em 2023 é um concorrente para as bolsas a curto prazo. Por enquanto estão assumindo que a inflação é transitória, mas se ela não diminuir no fim de 2021, o mercado vai precificar alta de juros até o final de 2022”, acrescentou.

 

Enquanto as bolsas da Europa e dos Estados Unidos apresentavam quedas de até 2,2% na manhã desta sexta-feira (18/06), o IBovespa oscilava em patamares negativos e positivos pela manhã, chegando a cair 0,31% por volta das 11h, mas tenta ficar acima dos 128 mil pontos, com leve alta de 0,11% perto do meio dia. Enquanto isso, o dólar registrava queda nesta manhã e chegou a renovar o piso, de R$ 4,98, mas voltou a subir após às 11h, sendo negociado a R$ 5,03 para a venda.

 

MP da Eletrobras

 

Apesar das críticas de especialistas e entidades do setor ao relatório da Medida Provisória 1031/2021, que trata da privatização da Eletrobras, aprovado, ontem, pelo Senado Federal, as ações ordinárias (com direito a voto) da Eletrobras negociadas no Novo Mercado apresentaram alta entre 8% e 9% logo no início de pregão, liderando as altas da B3. Contudo, pouco mais de uma hora de negociações, a taxa de valorização tinha perdido um pouco da intensidade variando entre 5% e 7%.

 

A rejeição de destaques como o da retirada de garantias da União, mesmo após a privatização, foi um dos fatores que agradaram os especuladores, que ignoram os jabutis — emendas não relacionadas ao assunto principal da proposta — plantados na MP para aprovar a matéria mas que beneficiam os currais eleitorais dos parlamentares governistas e que, segundo especialistas, devem , aumentar os custos da energia para os consumidores.

 

Para a economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, o relatório aprovado pelos senadores acabou transformando a privatização da Eletrobras em uma proposta medíocre. “Os especialistas do setor elétrico apontam problemas no texto e um expressivo aumento de custos muito alto para os consumidores no fim das contas por conta dos jabutis”, alertou.

 

Alessandra Ribeiro demonstrou preocupação com o fato de as propostas do Executivo estarem sendo muito desidratadas pelo Congresso. Segundo ela, isso é um risco enorme, especialmente, para as reformas mais importantes, como a tributária e a administrativa, que podem ser prejudicadas devido ao enfraquecimento do governo. “O cenário não é positivo e caminhamos para ter medidas aprovadas com efeitos marginais e que não vão ajudar na retomada da economia”, alertou.

 

A economista e advogada Elena Landau, ex-diretora do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também lamentou o texto da MP da Eletrobras aprovado pelos senadores e devolvido para a Câmara dos Deputados, que já tinha aprovado um relatório ruim. Para ela, há vários itens que permitem a judicialização da medida que poderá caducar se não for aprovada até a próxima terça-feira (22). De acordo com a especialista, que vinha criticando o modelo escolhido pelo atual governo e também o projeto de lei proposto na gestão do ex-presidente Michel Temer, a MP da Eletrobras prejudica o setor ao criar reservas de mercado. “Essa medida permite um retrocesso para o setor elétrico de 20 anos”, afirmou.